terça-feira, 15 de setembro de 2015

Shikamaru Hiden - Capítulo 4: Fim (Tradução)

A novela "Naruto - Shikamaru Hiden: Yami no Shijima ni Ukabu Kumo" lançada em 04 de março, traz um aventura inédita com Nara Shikamaru, dois anos após a Quarta Guerra Mundial Shinobi. A novela é escrita por Takashi Yano, e possui 224 páginas.


Os capítulos da novela serão traduzidos para o português a medida que a versão em inglês seja liberada. Confira o capítulo quatro abaixo (o livro original não faz separação dos capítulos em partes, ela será feita nesta tradução para tornar a leitura menos massante). Para ver outras partes do livro acesse aqui.

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Capítulo 4 - Fim

Fazia uma semana desde que Shikamaru deixou o País do Silêncio. Kakashi ordenou que ele descansasse por um tempo, para curar-se da fadiga causada por seu cativeiro e a luta final contra Gengo.

O ferimento em sua testa recebeu assistência médica imediata de Sakura, sendo assim, Shikamaru não tinha quaisquer lesões que precisasse de descanso. O estado de seu coração também estava muito mais leve em comparação com o que estava antes de sua viagem para o País do Silêncio. Ele não precisava de um período de férias, mas Kakashi tinha insistido, e por isso ele obedeceu.

Chouji e Ino tinham saído para missões separadas logo depois de voltarem para Konoha. Naruto e Sakura ainda estavam resolvendo os problemas no País do Silêncio. Claro, Shikamaru foi visitar Mirai na casa de Kurenai sensei, ficando por lá apenas algumas horas.

Todo o seu tempo ele estava sozinho. Ele não tinha nada para fazer.

Durante toda a semana, ninguém tinha lhe incomodado.

Pela primeira vez em muito tempo, Shikamaru viverá tranquilamente e com calma, dia após dia.

Em alguns dias, ele sentou-se na frente da mesa de shougi, e jogou contra si mesmo por horas. Em outros dias, ele partiu ao amanhecer e escalou uma montanha, deitado no topo e assistindo as nuvens até que o céu foi tingido de vermelho pelo sol poente. Shikamaru aproveitou aquele tempo imensamente.

Ele refletiu sobre o quanto ele tinha mudado.

Se fosse o Shikamaru antes de ir ao País do Silêncio, ele não teria sido capaz de ficar uma semana sem nenhuma missão ou trabalho para a União. Ele teria perdido sua presença de espírito completamente.

Ele pensaria 'e se algum incidente grave acontecesse enquanto eu estivesse fora' ou 'se alguém cometesse um erro em meu trabalho e ninguém notasse'. Todo tipo de pensamento ridículo e sem sentido. Ele não seria capaz de relaxar por completo, mesmo que por um dia se quer, antes de voltar ao trabalho.

Mas agora, Shikamaru consegue relaxar ao máximo na medida do possível. Na semana inteira, ele tinha poucos pensamentos sobre o trabalho esperando por ele na União, ou as missões acumuladas, sua mente passando vagamente por elas antes de ir dormir.

Seus camaradas seriam capazes de lidar com tudo muito bem, mesmo que ele não estivesse lá. Ele poderia pensar nisso agora e ficar tranquilo.

Não que ele tivesse abandonado seu senso de responsabilidade. Ele finalmente se permitiu algum espaço para respirar e acalmar. Se surgisse alguma situação onde ele realmente fosse necessário, Kakashi e Temari o chamariam com certeza. E se chegasse esse tempo, ele mudaria sua mentalidade para um gênio afiado, e apoiá-los em toda a extensão. Não havia necessidade de pensar a cada segundo quando ele irá voltar a trabalhar.

Se ele tivesse fé na capacidade de seus companheiros, ele poderia transitar do trabalho para o descanso sem problemas.

Shikamaru encurralou-se na medida em que esqueceu completamente desse fato.

Em sua semana de repouso, Shikamaru também examinou a si mesmo. Ele tinha pensado muito sobre o quanto diferente ele ficou depois da viagem ao País do Silêncio, a tal ponto que ele sentiu-se desconfortável.

Ele percebeu quantos amigos ele tinha. E ele também percebeu que havia ignorado as suas existências completamente. Viu como ele insistia em levar fardos e responsabilidades sozinho, tudo por conta de sua cabeça pequena, arrogante, e um completo equivocado orgulho de que eles não poderiam lidar com as coisas sem ele.

Uma pessoa não consegue viver toda sua vida por conta própria. Ninguém é inteligente ou habilidoso o suficiente para lidar com tudo por conta própria. É por isso que você tem amigos, companheiros.

O pensamento 'vou fazer tudo sozinho' estava errado na própria raiz.

Pelo menos tinha servido para que Shikamaru pudesse ir ao País do Silêncio e pudesse perceber isso.

Quando ele foi prisioneiro no Castelo dos Prisioneiros Decaídos e fascinado por Gengo, Temari atingiu Shikamaru com um chamado de despertar que fez com que ele escapasse do genjutsu, bem como todas as dúvidas que ele tinha naquele momento.

No meio do vendaval, ele tinha sido capaz de perceber quem ele era exatamente.

Honestamente, Shikamaru era no começo um homem irresponsável. Ele achava tudo problemático, e se isso o envolvesse, ele não queria fazer nada a respeito. Seria bom viver como um tolo, ele ficaria feliz em viver seus dias como um covarde sem se preocupar com o mundo.

Essa era a natureza de Shikamaru.

E honestamente, não era grande coisa?

Foi por ter aceitado a raiz de sua natureza, com preocupações as avessas e atitude irresponsável, ele pensou que conseguiria resolver as coisas por conta própria.

Afinal de contas, ninguém menos que pessoas como ele para entender os sentimentos dos cidadãos normais que não tinham sonhos ou ambições, que só desejavam levar uma vida pacífica, comum.

O que estava errado com o pensamento de viver uma vida normal? A definição de um 'sonho' não se limita apenas aos ambiciosos que miram lá em cima com seus objetivos.

Vivendo em um mundo que estava constantemente em guerra, uma vida normal, possivelmente, um sonho muito difícil de alcançar.

E foi por isso que a existência de Shikamaru ganhou significância.

Se o mundo tornasse pacífico, ele poderia virar um lugar onde qualquer um pudesse viver bem, as pessoas que quisessem viver vidas normais poderiam fazê-las, um dia simples de cada vez.

Infelizmente, Shikamaru tinha nascido em um mundo cheio de guerras. Por isso ele teve que viver sua vida com pressa.

Assim, para o bem daqueles que nascerão, Shikamaru teve que encerrar os conflitos no mundo em absoluto.

Não era um sonho de sentimentos nobres e sublimes com era o de Gengo. Ele não tem nenhuma motivação particularmente nobre por trás dele também.

Um mundo onde qualquer um pudesse viver bem...

Então, se a pessoa desejasse construir esse tipo de mundo e isso dependesse de seus próprios ombros e trabalho incessante, não seria algo difícil de fazer?  

Ele tinha uma espécie de vocábulo difícil expresso de uma maneira confortável, claro.

Esse tipo de atitude era bem melhor.

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"Você trabalhou muito mesmo." Kasashi disse enquanto endireitava uma pilha de documentos em sua mesa.

Shikamaru tinha ido ao seu gabinete para entregar seu relatório completo sobre o que tinha acontecido no País do Silêncio, bem como lhe dar cumprimentos sobre o seu regresso ao trabalho.

"O relatório de Sakura sobre a condição atual do País do Silêncio, bem como o de Ino e os outros relatórios finais da missão me deram uma ideia básica do que passou." Disse Kakashi. "Eu também ouvi de Rou e Soku sobre o seu árduo trabalho no hospital."

"Trabalho árduo... bem..." Shikamaru sentiu o canto de sua sobrancelha se contorcer de vergonha.

Ele tinha sido incapaz de ver a verdade do genjutsu de Gengo e, logo depois, foi apanhado por ele. Temari tinha vindo em seu socorro e finalmente ele foi capaz de acordar, depois ele recebeu ajuda de seus companheiros para dar um fim. Não havia uma única coisa que ele tinha feito por conta própria.

"Teria sido melhor se não tivesse escrito isso durante suas férias..." Disse Kakashi, olhando para a pilha de documentos em sua mão. Havia cerca de 50 páginas no total.

Era o relatório que Shikamaru tinha escrito.

Ele tinha recusado a pensar sobre suas missões ou trabalho na União até o fim de suas férias, o País do Silêncio era um assunto diferente. Escrever relatórios após as missões era um dos princípios básicos de um shinobi. Era algo que ele faria, nas férias ou fora dela. Além disso, eram trabalhos leves que não ocupam mais de uma hora de um dia.

"Por favor, dê uma olhada." Disse Shikamaru.

Kakashi soltou um suspiro e levou o pacote de documentos para a mesa, colocando no topo da montanha de papéis que ele já tinha. A pilha oscilou um pouco, e depois, por um tempo surgiu um olhar cansado, em seguida, voltou o olhar para Shikamaru.

"Você é uma existência que está vila e a União não poderiam perder." Kakashi disse. "Então, tente cuidar de si mesmo um pouco mais..."

Uma existência que não poderia perder, hein...

"Isso é muito problemático."

As palavras escaparam naturalmente dos lábios de Shikamaru, sem nenhum esforço consciente. Kakashi olhou para expressão no rosto de Shikamaru por um tempo, e então ele riu.

"Vejo que você está bem agora." Disse Kakashi alegremente.

"Sim." Shikamaru sorriu naturalmente.

"Bem, agora..." Kakashi colocou uma mão atrás de seu pescoço, massageando-o. A outra mão foi para uma gaveta em sua mesa, abrindo e tirando um maço de documentos. Ele os apresentou para Shikamaru.

Shikamaru olhou para o arquivo. Ele foi carimbado com um selo vermelho, que indicava uma missão rank-B, com seus detalhes escritos na parte fora. Era para acompanhar o assistente do Daimyo do País do Fogo, que entregaria uma mensagem soberana para o Daymio do País do Relâmpago. Um trabalho de guarda-costa, basicamente.

Graças à União e a cooperação geral entre os shinobi de hoje, a sensação de segurança do público geral foi rapidamente fortalecida. Ir entre dois países não era mais tão notável como tinha sido no passado. Na realidade, o assistente do Daymio tem os seus próprios guarda-costas. Shinobi só eram atribuídos como precaução para eventos inesperados. O único a trabalhar na missão não necessariamente teria quer ser Shikamaru. É um trabalho que qualquer shinobi acima do nível chuunin poderia realizar.

"É uma missão muito simples para você, mas..."

"Kakashi-san, importasse se eu ficar aqui?" Shikamaru interrompeu, erguendo a mão direita.

"Faz um longo tempo desde que você me chamou de Kakashi-san." Disse Kakashi, fitando Shikamaru com um olhar surpreso em sua face. "É surpreendente ouvir isso agora."

"Mantendo meus ombros retos, observando o jeito que eu falo, e sempre trocando meu comportamento para ser o ideal..." Shikamaru deu de ombros. "Eu já parei de fazer esse tipo de coisa."

"É bom ouvir isso." Kakashi assentiu.

"Então, sobre essa missão, você pode deixá-la para outro cara?"

"Por quê?"

"B-bem, porque o dia depois de amanhã é..." Shikamaru olhou para o longe. Suas bochechas estavam adquirindo um vermelho profundo.

Kakashi curiosamente inclinou a cabeça para ele, esperando pelo resto.

"...Eu tenho um encontro."

"Pfff!" Kakashi bufou uma súbita gargalhada. 

Shikamaru olhou para ele.

"E pensar que você deixará uma missão para ir a um encontro, é surpreendente." Kakashi riu. "Mas com certeza, você tem a minha permissão! Vá a seu encontro."

"Obrigado."

Kakashi inclinou para trás, cruzando os braços e fechando os olhos. "A primavera chegou para você, Shikamaru." Ele disse, balançando a cabeça repetidamente. "Sim, sim."

Tudo bem, eu desisti do meu sonho de ter uma vida média. 

Mas pelo amor de deus, pelo menos me deixe aproveitar esta parte reconfortante da minha vida em paz.

"Bem, vou indo." Shikamaru rapidamente virou as costas para Kakashi, avançando o corpo em direção à saída.

"Shikamaru." Kakashi chamou e o fez parar. Ele estava aproximando-se dele agora. "Sinto que você está pronto, você vai entender melhor do que da última vez. Você se importa se eu te perguntar mais uma vez? O que você acha que significa ser um adulto?"

Shikamaru olhou para o teto por um tempo, reunindo seus pensamentos. Uma resposta apareceu em sua mente, ele abriu a boca para compartilhar ela com total honestidade.

"Abrir mão de uma coisa, e encontrar outra coisa é ainda melhor, mais valioso..." Disse Shikamaru. "É esse tipo de sentimento, não é? Embora não possa compreendê-lo muito bem."

"Deixar algo, e encontrar algo mais valioso, hein?" Kakashi ecoou.

"Bem, enquanto há pessoas como Naruto que nunca desistem de seus objetivos de vida e sempre os perseguem desde sua infância, a maioria dos caras geralmente desistem dos objetivos, porque percebem que eles não podem ser alcançados." Disse Shikamaru. "Mas eles continuam vivendo, e, no final, eles encontram algo que é mais valioso, vivendo e trabalhando para esse novo objetivo. Ou, pelo menos, é isso que eu acho."

"Entendo..." Kakashi fechou os olhos novamente, cruzando os braços.

"Bem, vou indo." Disse Shikamaru, virando e saindo. Ele tinha vergonha de ficar por lá mais tempo.

Ele estava fechando a porta atrás dele, quando a voz alegre de Kakashi soou mais uma vez.

"Espero que você divirta-se, Shikamaru."

Embora soubesse que Kakashi não podia ouvi-lo, Shikamaru respondeu de qualquer maneira.

"Muito obrigado."

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Todo mundo continuava vivendo suas vidas, e o tempo passava devagar e com firmeza, como um riacho...

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Ele se parece muito comigo, não acha?

Nosso filho tinha recém nascido, mas ele estava chorando como se soubesse tudo que o mundo tinha para lhe oferecer.

"Está tudo bem." Disse a ele. "Um dia, você vai perceber que não sabe tubo tão bem quanto você pensa. E quando esse momento chegar, você terá feito amigos que andarão lado a lado com você."

O bebê não poderia ter compreendido uma palavra sequer, mas mesmo assim, ele olhou para mim com os olhos arregalados. Aqueles olhos pareciam com os da sua mãe, grande iris amendoadas.

"Eu não preciso dizer nada de problemático agora, hein..." Eu disse.

"Você pode dizer só um pouquinho." Me disse Temari. "Se alguma vez você ficar fora de si e parar de ser você, eu vou interferir e te enviar de volta ao seu juízo. Então, ok."

"Aa, você está certa. Então..."

Como vamos chamá-lo?

"Que problemático."

FIM

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