segunda-feira, 12 de março de 2018

Entrevista de Naoki Kobayashi (Animador de Naruto Shippuden)

Entrevista com Naoki Kobayashi (2017)

Entrevista realizada na Quinta-Feira, 10 de Agosto de 2017.

Naoki Kobayashi é um dos mais talentosos animadores da nova geração. Nascido em 1989, levou apenas um ano para conseguir o posto de key animation (animador chave) na série Naruto Shippuden. Se a série é criticada às vezes por sua irregularidade, Naoki Kobayashi, está no momento certo, uma vez que ele está nas melhores lutas da série, em especial a luta de Kakashi contra Obito, e Naruto contra Toneri na lua, no filme "The Last: Naruto The Movie". Reconhecido por seu valor, foi animation director (diretor de animação) no filme "Boruto: Naruto the Movie" e cenas de ação de "Sword Art Online".

Ao ler a entrevista, você perceberá um grande respeito por Norio Matsumoto e Masashi Andô. Na língua japonesa, certos títulos honoríficos seguem o nome de um indivíduo, como o sufixo san, tais títulos estão ausentes na entrevista.

O que fez você querer se tornar um animador?

Quando eu estava no ensino médio, eu vi os filmes do estúdio Ghibli "Sussurros do Coração" e "Princesa Mononoke". A introdução de "Sussurros do Coração", com aquela visão panorâmica que desce pela cidade através da Country Road, seja a cena do trem ou na frente do conbini (loja de conveniência), são passagens que podem ser feitas com imagens reais, mas o que sai dali é tão maravilhoso, é algo que os filmes reais não poderiam ter retransmitido. Ficamos presos no filme, e nos deixamos levar por essa atmosfera extraordinária. O trabalho feito por Yoshifumi Kondô me impressionou muito, havia calor em cada movimento.
Em vez de entrar numa universidade normal, entrei em uma escola de animação graças ao conselho de um conhecido. Eu pensei que era a melhor oportunidade para entrar no estúdio Ghibli, porque esta escola tinha a reputação de enviar animadores para o estúdio: de fato, alguns alunos graduados desta escola poderiam ser contratados pelo estúdio. No entanto, este não foi o caso desse senpai, já que eu não fui para o Ghibli. Além disso, ele parou de trabalhar com animação.

Você ficou fascinado pela atmosfera de "Sussurros do Coração", mas hoje você é um animador bastante especializado em cenas de ação. 

O trabalho de Masashi Andô em "Princesa Mononoke" também é importante porque estava interessado em animação. O dinamismo das cenas, a luta entre Ashitaka e Tatari Gami me impressionou. "Princesa Mononoke" é um filme 2D, mas as cenas estão próximas do que poderíamos ver na vida real, e é impressionante por que é uma animação.
Foi Andô quem me deu o aval para trabalhar em "Kimi no Na wa.", e por isso trabalhei nesse filme. Nunca tive a chance de conhecer Kondô porque ainda era um estudante quando ele faleceu, mas conhecer Andô e trabalhar com ele é uma das maiores conquistas da minha carreira. Eu me diverti muito trabalhando em "Kimi no Na wa.".

Como você chegou ao Studio Pierrot?

Eu terminei minha formação em uma época que não havia muitos estúdios contratando. Finalmente encontrei uma oferta do estúdio Khara, voltei para casa, em Okayama, para pegar duas cópias do meu livro (portfólio). Então, eu apresentei os livros e eles oferecem seu estúdio para eu trabalhar/estudar por lá. Fiquei por três meses, consegui assumir os desenhos de Takeshi Honda, onde criei esboços de suas linhas nos desenhos de Evangelion. Este trabalho era alegre e estressante, pensei: "É o design de Honda". (Risos)

Honda é um dos animadores que eu mais respeito.


Então, entrei no Studio Pierrot da mesma maneira, mostrando meus esboços, e trabalhei na (franquia) Naruto onde Hiroyuki Yamashita cuidou de mim. Eu fiz douga (esboços da animação, entenda mais aqui) por dois meses, antes de me tornar um key animation na série "Naruto SD - Rock Lee no Seishun Full Power Ninden". Como eu aprendi o básico no Khara, eles não fiquei muito tempo no douga. 
Em menos de um ano, passei de estudante para key animation.

E dois anos depois, trabalhei no filme de Boruto, graças a um famoso super animador, Norio Matsumoto, onde fui diretor de animação ao seu lado no filme de Yamashita. Ele me pediu para cuidar da última parte do filme, após um diálogo sobre as cenas de ação do "Capitão América 2: O Soldado Invernal". Ele achou que eu era a pessoa mais qualificada para cuidar dessa parte final. Sou grato por isso.
No início da produção do filme Boruto, eu tinha 24 anos e estava trabalhando em Naruto por apenas dois anos.
No final do filme, quando o inimigo recebe um Oodama Rasengan, na versão original Boruto lança o ataque, mas não possui ferimentos. Eu disse a mim mesmo que ele tinha que receber ferimentos e esses ferimentos deveriam acompanha-lo já que é um ataque poderoso.
Você leu Naruto? No volume 19, onde Kabuto recebe um Rasengan, naquele momento, Naruto também recebe um ferimento. Como fã, pensei sobre essa parte e dei minha opinião. Eu sei que é um filme para crianças e você não quer mostrar nenhum ferimento, mas sugeri que houvesse queimaduras. Eu estava ocupado com outros assuntos, e deixei a conversa onde parou, mas o diretor (Hiroyuki Yamashita), que foi seu primeiro filme, tomou meu conselho a sério e eu percebi isso. Ele tem apenas 7 anos de idade a mais do que eu, é esperado pedir conselhos de pessoas mais velhas, não de quem tem 24 anos. (Risos)
Olhando para o final do filme, percebo que Boruto não tem queimaduras, mas possui um braço enfaixado e minha ideia foi aceita. Isso me deixou feliz.

Hiroyuki Yamashita mostrou para você o Studio Pierrot. Como ele, você fica à vontade em distorcer os movimentos dos personagens, em favor da fluidez.

Isso é a influência que Norio Matsumoto tem sobre nós. Nós assistimos vídeos de artes marciais no YouTube para nos inspirar e encontrar ideias para colocar em prática nas cenas de ação. Alguns movimentos excedem o estilo do anime, mas isso depende também da natureza do design de cada personagem.
Muitas vezes vejo cenas de esportes radicais como corridas de bicicleta, porque esses atletas realizam  muitas vezes movimentos incomuns. Isso serve como base para cenas de ação.

Eu pensei que os animadores estavam mais inspirados pelos filmes de kung-fu de Hong Kong.

(Risos)
Obviamente eu me inspiro nisso também. Eu também assisto sakugabooru, esse site lista muitas animações, por conta disso, outros animadores podem apreender sobre cenas de ação. No entanto, tento fazer coisas diferentes, propor o que é raramente visto. Em Naruto, já houve lutas criadas do zero, e é bem diferente do que podemos ver nos filmes de artes marciais, é muito diferente. As artes marciais servem como base, mas você precisa adaptar. 
Muitas vezes, para atender as necessidades das cenas de luta, filmamos com nossos celulares. Usamos pelo menos dois. Eu fiz judô na minha juventude e joguei futebol, então, meu corpo se move bem. Não hesitamos em nos jogar no chão e ver onde dói. (Risos)
No estúdio, tínhamos um animador que praticava MMA, então, quando precisamos de um chute forte, ele acertava um saco de pancada para nos mostrar o que é um verdadeiro chute, e nós usamos isso para colocar no desenho.

Me parece que Yutaka Nakamura é uma das suas influências, especialmente em efeitos de impacto.

Sim, de fato, ele me influenciou muito, ele é um animador extraordinário, sempre me impressionou com seu trabalho, mas ainda estou muito longe de seu nível.
Minhas outras influências são Norio Matsumoto, como você pode ter notado, e Hidetsugu Itô, que foi diretor da animação "Sword of the Stranger". Ele também participou dos filmes de Naruto.
Essas três pessoas me influenciaram imensamente na minha visão de cenas de ação.
Além deses três animadores, também admiro Yoshifumi Kondô, Masashi Andô, Mitsuo Iso e Takeshi Honda.

Seu primeiro trabalho em Naruto Shippuden foi no episódio 322. Você teve muitas cenas de luta, está é a primeira vez que você trabalhou na série. Não é algo fora do comum confiar tantas lutas a um jovem líder.

A primeira cena de ação de Madara, não é? Na verdade, já havia feito algumas cenas de ação no Naruto SD. Quando a este episódio, houve problemas de planejamento e faltava gente. Então acabei fazendo muitas cenas de luta. Para ser sincero, não estou muito orgulhoso, acho que poderia ter feito melhor. (Risos)
O lado positivo é que essa experiência me ensinou muito. Quando fiz esse episódio, chamei atenção de Yamashita, e ele me apresentou à Matsumoto. Ele me ensinou o estilo antigo, me deixou ficar de seu lado e observá-lo. É alguém que desenha muito rápido e tem uma abordagem incrível quanto ao movimento. Como ele sabia que eu adorava filmes animados, Matsumoto me colocou em contato com Andô para trabalhar em "Kimi no na wa.".

Você trabalhou na 32º encerramento de Naruto Shippuden, na qual você contribui muito. Qual foi seu grau de liberdade?

Foi minha primeira vez na chefia. Eu estava livre para fazer o que eu queria, já que estava no controle da história e genga (desenhos utilizados como referência para a produção, mas não utilizados na animação final). Como eu disse anteriormente, desenhei as cenas com base no que eu imitava. Eu rasguei a pele do meu braço direito quando eu me atirei no tapete. (Risos)
Même Matsumoto me parabenizou por esse trabalho, isso me agradou.
No último encerramento da série da TV, antes do início da parte "The Last", eu era diretor de animação. A maioria dos bons animadores da série trabalharam nesse encerramento. Como Hiroyuki Yamashita, Hirofumi Suzuki e outros. 

Nota: Ao que parece, Naoki Kobayashi considera que Naruto Shippuden termina com a luta entre Naruto e Sasuke, sendo assim, os últimos 20 episódios, que adaptam as novelas, são parte do "The Last: Naruto The Movie".

Então, qual cenas do senpai você corrigiu?

(Risos)
Não, eu nunca corrigi Yamashita. (Risos)
É verdade que eu era diretor de animação, mas todos desenharam Naruto antes de mim, cada um tem seu estilo, mas não corrigi Yamashita. Corrigi outros animadores, mas não ele. Eu não tinha muito o que fazer nesse aspecto. (Risos)
Faltou citar Tetsuya Nishio, primeiro designer de personagens da série, e Hirofumi Suzuki, segundo designer de personagens, com eles acabei fazendo pequenas correções.
Fico feliz por chegar a está posição, já que foi o último encerramento que concluiu a série. Houve muitos animadores bons que trabalharam em Naruto, e logo eu fui nomeado para este último encerramento, quando já estava lá por dois anos. Era algo muito emocional. Havia alguns animadores que trabalhavam na série enquanto eu ainda era estudante, era um dos caras mais novos no encerramento. (Risos)

Certa vez, houve um animador que fez fotocópias do genga da 19ª abertura de Naruto Shippuden, onde Sasuke está lutando com marionetes. Bem, as cópias não devem circular tão livremente. Então, ele mostra pra mim dizendo que isso o inspirou. Na verdade, foi uma cena que eu desenhei. (Risos)

Fico feliz em ser considerado um bom animador, mas me envergonha um pouco estar ao lado de grandes nomes como Matsumoto, porque são animadores com mais de 15 anos de trabalho, enquanto eu estava lá por dois anos.

Seu primeiro trabalho como diretor de animação foi em "The Last". Você entra pela porta da frente: você está em um filme e não em um episódio de TV.

Em 2013, fazia apenas dois anos que trabalhava como animador. Normalmente, usamos animadores mais experientes em filmes, e os diretores de animação possui mais de 30 anos. Yamashita também não era muito velho.

Qual foi a cena mais difícil de fazer?

Eu diria que a luta de Naruto em "The Last". Um soco com raios seguido por uma explosão (veja aqui).
Outra é a abertura 16 de Naruto Shippuden, Silhouette, onde Sasuke e Madara correm (veja aqui), tive que fazer mais de 200 desenhos. Pode ter sido essa cena que fez trabalhar em "The Last".

Você ainda não participou da série Boruto, uma página virada na sua vida?

Eu me tornei freelance a partir do filme "Boruto: Naruto the Movie". Eu deixei a Pierrot para ter a oportunidade de trabalhar em outras obras como "Kizumonogatari" e "Kimi no na wa.".

Boruto é transmitido na França?

Sim, em simulcast e será transmitido na TV a partir de Setembro.

Bem, assista Boruto em Setembro, por favor. Você vai gostar. Não posso te contar mais. Existem animadores excepcionais que trabalham nele, você verá.

Eu suspeito que este é o episódio que conclui o arco de Sarada.

(Risos) Espere e verá.
Espero que você goste. Eu tive que fazer quatro cortes no começo, mas no final acabei fazendo meia dúzia (veja aqui). (Risos)
Se você prestar atenção, você verá que Soldado Invernal e Homem de Ferro me influenciaram muito no meu trabalho. Eu acho que minha animação é do mesmo nível que o filme Boruto, espero que você goste.

Por enquanto, este é o último episódio de uma série TV que estive envolvido, agora estou ocupado em um filme animado.

Nota: O episódio em questão é o 23 do anime Boruto: Naruto Next Generations e foi transmitido em 6 de Setembro. Ele animou a luta de Sakura contra Uchiha Shin.


Qual personagem de Naruto você mais gostou de animar?

Eu diria a dupla Sasuke e Naruto. Gostaria de animar Rock Lee porque gosto dos filmes de Bruce Lee e Jackie Chan, eles são extraordinários. No começo, como eu não tinha muita experiência, usei filmes de arte marcial para me inspirar, mas hoje aprendi a fazer diferentes cenas de ação, que não estamos acostumados a ver. Não me arrependo desse tempo.

No final, o que você tirou de experiência em Naruto?

Em um artigo de um mook (publicação semelhante a uma revista, mas que pretende permanecer nas prateleiras por períodos mais longos), me perguntaram o que eu gostava do Naruto. O volume 19 de Naruto foi o primeiro que eu abri, onde Jiraya explica que o que caracteriza um ninja é a perseverança e a recusa em desistir, essa é a mensagem que eu gostei. Isto é o que eu aprendi com Naruto e o que eu usei na vida. Há ninjas como Orochimaru que possuem habilidades, e aqueles como Jiraya que não tiveram isso, senão a vontade de continuar lutando para se tornarem os melhores. Na época, não sabia como desenhar, não tinha o dom e Naruto me ajudou a aprender e a progredir.

No sakuga@wiki você é um dos animadores que tem a maioria das cenas identificadas graças aos detalhes que você oferece aos fãs no twitter. É importante para você, esse reconhecimento dos animadores?

Na verdade, não é só por isso.  Meu principal objetivo é usar as redes sociais para encontrar trabalho. Não esqueça que sou freelance, é preciso que as pessoas saibam o que eu fiz. Ao descrever exatamente o que eu fiz, que parte eu animava, os meu empregadores podem saber com quem estão lidando. É pelo mesmo motivo que eu coloquei meus contatos no meu doujinshi. É uma maneira para aqueles que esbarram em meu tweet ou minha página no sakuga@wiki dizer: "Precisamos de um animador, Naoki Kobayashi fez está cena interessante, este animador parece combinar com o que estamos procurando".
Hoje em dia, as redes sociais são muito importantes, podemos ver opiniões dos animadores e alguns podem até descrever o processo de criação de uma cena.

Nós também notamos que você segue alguns maníacos por sakuga não japoneses no Twitter, apesar de haver essa barreira no idioma.

Eu faço o meu melhor usando o google tradutor e minhas antigas habilidades de inglês. (Risos)

Há muitos animadores franceses que trabalham no Japão, correto?

O mais conhecido é Thomas Romain, que trabalha para a Satelight.

Eu sei, Thomas Romain. Por outro lado, não conheço muito sobre a animação francesa.

Na França, não produzimos muitas séries de televisão de qualidade, mas temos muitos filmes bons.

Obviamente, os orçamentos são melhores. Aqui, nas séries de TV, os salários não são muito altos, mas nos filmes, eles garantem que até os intervalista (animador que fornece as imagens intermediárias para completar os 24 quadros por segundo) tenham um bom salário. Quanto aos horários, os japoneses começaram a imitar o que é feito no exterior, no "Kimi no na wa" trabalhamos durante o dia entre as 9h e as 18h.

Também estou interessado em animação 3D, eu troco mensagens por e-mail com um antigo animador japonês da Pixar, ele me ensina algumas dicas. Talvez em alguns anos eu também trabalhe com ferramentas para fazer animações 3D. Graças a alguns contatos, consegui visitar alguns estúdios de animação 3D.

Basicamente eu sou um animador 2D, não gostaria de ser limitado e não conseguir fazer uma cena interessante pelo fato de exigir 3D. É um meio que precisa ser versátil, então, se eu posso fazer uma cena 2D e 3D, eu poderia dirigi-la por completo, acho isso importante.

Pessoalmente, eu sou velho, então, eu tenho um pequeno problema com animação 3D.

Quando eu era mais jovem, eu só conhecia Ghibli e Doraemon, mas eu entendo você. Eu não fui muito fã da Disney no começo, mas de "Enrolados", o estilo é mais japonês, então comecei a apreciar. "Operação Big Hero" também foi incrível. Isso me impulsiona trabalhar em todos esses novos trabalhos.

Ainda tenho um pouco de medo para o próximo "Saint Seiya" e o "Mazinger Z" em 3D...

(Risos)
Para mim 2D e 3D, é meio que igual para mim. O que eu gosto do 2D é esse sensação de mais volume. Por exemplo, no curta-metragem "O Banquete", que acompanha o filme "Operação Big Hero", existe um filhote que é iluminado pelos raios do sol. A maneira como foi feita é muito interessante.

Bom, no Japão, não temos os mesmos orçamentos da Pixar e da Disney, então não podemos ter os mesmos resultados. (Risos)

No Japão, existe a Sunrise, que ainda anima as mechas do sol, por exemplo, de uma forma tradicional, à mão...

Você gosta de "Gundam"? Na escola de animação eu tinha como professor Yorihisa Yoshida, que era mecha-designer em "Zeta Gundam". "Gundam" não é meu favorito, os mechas que eu realmente gostava era de "Transformers". Na verdade, eu não assisti a série... ah! Na época, eu gostava muito de "GaoGaiGar". Isso me fez pensar no recente filme dos "Power Rangers", que é uma grande produção, me pergunto porque o robô chegou já montado. (Risos)

Eu amei "Círculo de Fogo", é incrível. Não é um filme japonês, mas foi inspirado por mechas japoneses.

Guilherme del Toro admitiu ser um grande fã de "Mazinger Z".

Veja. Os jovens de hoje são muito sortudos por terem a chance de assistir live-actions com mecha enquanto nós não tivemos essa chance. (Risos)


Imagino que, eventualmente, você gostasse de trabalhar com design de personagem.

Hm... se essa oportunidade surgir, estou interessado. Mas eu prefiro desenhar genga, para trabalhar com o movimento. Se você é um design de personagem, você precisa ser um diretor de animação, eu não gosto muito de corrigir os outros. O que eu gosto nesta indústria é a animação.

Kôichi Tsunoda, um animador hoje falecido, disse que os animadores eram um pouco como deuses: podiam fazer o que queriam com seus personagens. Mas hoje os jovens animadores pensam, sobretudo, em dar aula de poses ao seus personagens.

(Risos)
Eu tive a oportunidade de conhecer Norio Matsumoto, é ele que me ensinou o amor de movimentar os personagens. Ele gostava muito disso. Quando você é diretor de animação, você fica restrito em corrigir o trabalho dos outros, ao contrário dos animadores que têm liberdade para criar movimento, é o que eu gosto de fazer.

Recentemente, conheci Toshiyuki Inoue e Hiroyuki Okiura, que deram conselhos aos jovens animadores do (estúdio) Khara. Eu já conhecia Okiura, mas foi a primeira fez que conheci Inoue. Eles são muito apaixonados.

Qual cena você animou que te deixa mais orgulhoso?

Em vez de me orgulhar de uma cena em particular, estou muito feliz de ter trabalhado em um filme como "The Last". Eu fiz várias cenas que o público achou bem produzidas. Da mesma forma, estou muito orgulhoso de ter participado de "Kimi no na wa.", afinal, as pessoas acham que é um bom filme, e especialmente porque eu gosto muito de filmes animados.

Eu suspeitava que "Kimi no na wa." seria um sucesso, mas não tanto. Eu acho que ninguém teria imaginado isso.

"Kimi no na wa." é o primeiro filme de Makoto Shinkai, eu acho que é um animação mais comum, e não um filme autoral.

Talvez seja graças ao trabalho de Masashi Andô também, ele foi muito importante. À primeira vista, o público pode reconhecer seu estilo. Mas o filme também deve seu sucesso à combinação de vários elementos: a história, personagens interessantes, cores, etc... É como uma receita. Atraiu jovens e velhos e o boca a boca também ajudou. 

Andô é muito bom quando se trata de expressões de rostos.

Andô é alguém que tem um controle muito grande do que faz. Ele assiste a muito filmes e está interessado na atuação. Enquanto trabalhava no "Kimi no na wa.", ele estava assistindo o DVD "Interestelar".
(Risos)
Este é o filme de Shinkai, mas Andô ficou muito satisfeito com seu trabalho, e a visão que ele teve do trabalho é muito importante para ele.
Colocar exatamente o que temos em mente não é possível em programa de TV, pensamos muito sobre isso. Mas em filmes animados, muitas vezes há mais tempo para trabalhar.


Com o retorno do (estúdio) Ghibli, imagino que você gostaria de trabalhar sob as ordens de Hayao Miyazaki?

Quando o Ghibli decidiu parar de fazer filmes, pensei que era um estúdio na qual não trabalharia mais. Agora, já que Miyazaki parece estar de volta, talvez eu tenha oportunidade de trabalhar com ele. Ouvi dizer que algumas pessoas ao meu redor foram contratadas. O mundo de animação japonesa é pequeno, então, saberemos em breve.

Embora eu trabalhe com cenas de ação, o que eu gostaria de fazer é grandes planos, longas viagens com o início de "Mimi wo sumaseba", cenas da vida cotidiana. A animação pode ser eficaz com pouco movimento, onde tudo é aplicado prelo desenho.

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