sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Gaara Hiden - Capítulo Dois (Tradução)

A novela "Gaara Hiden: Ilusão na Tempestade de Areia" (Gaara Hiden: Sajingensō), autoria de Ukyō Kodachi, foi lançada em 04 de Junho de 2015 no Japão. O livro contém 210 páginas.


Os capítulos da novela serão traduzidos para o português a medida do possível. A tradução para o inglês foi realizada por cacatuasulphureacitrinocristata. Você pode ler o segundo capítulo abaixo. Para ver outras partes do livro acesse aqui.

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Capítulo Dois - Hakuto

Shinobi são aqueles que suportam até as circunstâncias mais irracionais.

Shinobi são aqueles que perduram. É o que as pessoas dizem.

Mas também há pessoas que dizem que não voltar atrás é o caminho ninja. Shinobi que dizem que vivem apenas pelo que disseram.

Qual era o certo?

O homem não sabia.

Se ele tivesse que dizer alguma coisa, tudo o que poderia dizer era apenas que sabia que não poderia continuar enfrentando a situação em que ele se encontrava.

Mesmo que isso significasse seguir um caminho em que ele não fosse capaz de suportar as circunstâncias.

Ele simplesmente não podia fazer outra coisa senão garantir que seus princípios não fossem violados.

Esse tipo de homem existia.

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A reunião de casamento seria realizada em um hotel de alto padrão localizado em um oásis em forma de lua crescente a uma pequena distância da Vila de Sunagakure.

O oásis era um lugar barulhento, chamativo e extravagante, e reunia pessoas ricas e excêntricas que queriam conhecer o deserto ou turistas que queriam conhecer as casas noturnas e jogos de azar que não estavam disponíveis na cidade de suna.

Não era uma área governada por shinobi, mas, ao mesmo tempo, também não estava completamente sob o controle dos Daimyou.

Foi o local de encontro perfeito para duas famílias de shinobi.

Obviamente, não é preciso dizer que Sunagakure já havia comunicado aos funcionários para reservar todo o hotel. O hotel estava sendo administrado por uma empresa fictícia vinculada ao líder de Sunagakure, precisamente para situações como essa.

Este foi o novo campo de batalha de Gaara.

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Apertado e rígido.

Gaara estava usando um terno completo pela primeira vez em sua vida, e essa era sua opinião honesta.

"Tenha paciência, tudo bem. Afinal, é para uma reunião de casamento." Disse a irmã mais velha, amarrando uma gravata no pescoço. "Certo? Você é o convidado de honra hoje, então, ninguém pode usar roupas melhores que as suas. Você entende o significado por trás disso, certo?"

"...Sim."

Ocasiões cerimoniais importantes eram lugares onde você deveria exibir o status de sua família. Não era algo que qualquer Kage pudesse dizer 'não'.

'O Quinto Kazekage de Sunagakure era um homem surrado e puído.'

Se algum boato como esse se espalhasse, isso feriria a imagem da vila. E, se algum dos jovens shinobi de Suna percebesse isso, havia a possibilidade deles começarem uma briga também.

A princípio, alguém poderia pensar que era estranho que os shinobi, que estavam constantemente imersos em atividades subversivas ou espionagem, pudessem ser incomodados por rumores, mas era exatamente o oposto do que se esperava.

As atividades que os shinobi realizam não podem ser divulgadas. Portanto, para os shinobi, não são as evidências ou cadáveres que mostram quantas missões eles completaram ou quão feroz guerreiros eles são, mas sua reputação. Foi a reputação que decidiu o destino deles.

Mais importante, o Daimyou só podia avaliar um shinobi por sua reputação, pelo simples fato de que não havia mais nada.

E foi exatamente por isso que todas as aldeias são muito cuidadosas com o nível de dificuldade estabelecido para cada missão e com a quantidade de informações divulgadas nos Bingo Book.

Mas. Ainda. As roupas estavam apertadas.

"Estou bem agora, Temari. Eu mesmo colocarei a gravata."

"Oh?" Os olhos de Temari se estreitaram. "Gaara, você sabe que tipo de nó você vai dar?"

"Nó?"

"O método de amarrar!" Disse Temari, e voltou a amarrar a gravata em volta do pescoço. "Você é o convidado de honra hoje, portanto não pode amarrar a gravata da maneira que quiser. Você precisa ser mais sereno e deixar aparecer as covinhas... Shikamaru também não entende nada desse tipo de coisa... Eu não sei por que todos vocês são assim... Tudo bem, lá vamos nós!"

Gaara não entendeu o que ele não entendeu, ou porque sua irmã estava feliz, mas parecia satisfeita com o que havia feito.

"Vamos colocar um lenço de seda no bolso do peito. A seda é um dos ingredientes para produzir antídotos. Mas não exponha, a menos que seja necessário. Existe um significado por trás de cada vinco no seu lenço, você sabe."

"Por causa de algum código secreto?"

"Por causa da etiqueta!" Temari disse, batendo as mãos nos ombros de Gaara e virando-o para olhar todo seu corpo no espelho.

Ah, Eu entendi.

Era estranho, mas ele parecia diferente de sua aparência diária.

Pra começo de conversa, Gaara estava bonito, adicionar um azul escuro, encomendado especificamente de outro país, deu a ele um brilho especial.

Seus sapatos eram de couro e bem polidos. Eles tinham placas de ferro indiscretas para chutar. Havia pequenos shuriken em seus alfinetes de gravata e pulseiras, mas eles não arruinaram o equilíbrio geral de sua aparência.

Ele era, em suma, uma bela figura de homem.

"Tudo bem, lá vamos nós." Temari assentiu, parecendo satisfeita. "Bem, isso pode ser a última coisa de irmã que posso fazer por você, então, tente não sentir mal com isso, ok?"

Pensar que Temari estava fazendo tudo com essa mentalidade fez Gaara se sentir feliz.

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Havia tantas pessoas para agradecer que parecia um tsunami de pessoas ou um exército de zetsu. Quando Gaara finalmente teve a chance de escapar, ele fechou os olhos.

Pensar que ainda não era o dia da reunião de casamento, apenas um banquete realizado no dia anterior, fez cero alguém se sentir desorientado.

No final do dia, a Vila de Sunagakure ficava no meio do deserto. O outro lado da reunião de casamento não iria percorrer todo esse o caminho até aqui e esperam ser recebidos por nada, apenas pelo clima.

Foi por isso que eles organizaram outras festividades nos dias anteriores e depois da reunião de casamento, como testes antes de um grande evento.

"Gaara-sama, que evento."

"Se o Kazekage acabar se casando, será uma ocasião para comemorar."

"Quando chegar o casamento, faça outro grande evento."

Foi um parto ter que cumprimentar as onda de ataque dos convidados. Foi graças à grande memória de Gaara que ele foi capaz de memorizar o rosto de cada pessoa e falar com eles com um certo tato.

Entre os convidados, havia também pessoas que haviam sido ordenadas por seu pai, na era anterior, para se envolverem em seu assassinato.

Agora, o campo de batalha de Gaara estava enfrentando todo tipo de pessoas com um sorriso forçado no rosto.

Então, quando Gaara viu o irmão que ele não via há algum tempo em um bar do outro lado da multidão, Gaara se sentiu aliviado.

Kankurou não tirou o capuz habitual da cabeça, no entanto, ele parecia surpreendentemente à vontade em seu smoking.

"Yo", Kankurou cumprimentou.

"Aa." Gaara respondeu.

"Você parece bem." Disse Kankurou, estendendo o copo cheio de álcool para uma pequeno brinde. Gaara brindou desajeitadamente seu próprio copo, cheio de chá frio, contra o de seu irmão.

"Como sempre você não está bebendo álcool, não é?"

"Isso entorpece meu julgamento. Isso atrapalha minha fala. Também sobrecarrega os meus órgãos internos. Eu não entendo por que você gosta de beber."

"Bem, você tem razão no final de contas", Kankurou sorriu ironicamente, entortando o líquido âmbar até que não restasse mais nada em seu copo. "As pessoas sentem vontade de fazer coisas que sabem que não lhes fazem bem nenhum."

"...Isso é verdade."

Gaara entendeu isso. Ele não era uma criança para negar esse fato.

No mínimo, ele pensava que não era alguém qualificado para criticar as ações irracionais de outras pessoas, considerando que costumava ser alguém que continuaria matando todos que aparecessem na sua frente.

Sua posição como Kazekage pode ter tornado as coisas um pouco diferentes, mas essa posição empunha a ele ter que seguir certas leis. Gaara não era mais alguém que podia colocar suas emoções em primeiro lugar e julgar os outros.

"Então, pense em passar algum tempo com álcool como parte de uma missão." Kankurou disse.

"É assim que vai ser?"

"Sim." Kankurou sorriu e deslizou um copo em direção a Gaara de algum lugar.

Gaara levou o copo à boca.

"!"

Tinha um gosto ruim.

Por que Kankurou e os outros bebem isso de forma tão feliz?

Tinha um gosto muito ruim.

Tudo o que fez foi aquecer o estômago, deixar um gosto amargo e ardente na boca e, por mais que você olhasse, era horrível. Gaara pensou que talvez fosse por isso que ele não gostava de marron-glacé.

Ele comeu algumas pílulas de mau gosto no campo de batalha, e ficou com gosto de grama e lama na boca durante os treinamentos, mas isso estava em um nível diferente. Uma coisa é inalar algo por razões medicinais, mas beber de bom grado algo de sabor ruim era uma questão completamente diferente.

"Isso é ruim?" Perguntou seu irmão, sorrindo. Parecia que ele não podia conter sua diversão com a situação.

"Não é... bom." Gaara respondeu.

"Não deveria ser."

Gaara não entendeu o que deveria ser, mas Kankurou estava assentindo seriamente.

Então, Kankurou escorregou do banquinho.

"...Você já está indo, Kankurou?"

"Em primeiro lugar, eu tenho que organizar a segurança e mostrar brevemente meu rosto. Também tenho que garantir que a reunião de casamento corra bem, então, eu vou me retirar. Temari cuidará de todo o resto."

"Entendido. Mantenha-se saudável."

"Você fará um bom trabalho, casanova."

Ele não via o irmão há muito tempo, e essa foi toda a conversa que tiveram.

Mas, foi a conversa mais longa que eles tiveram em meio ano.

O irmão mais novo era o Kazekage e o irmão mais velho era o chefe da Divisão Antiterrorismo, portanto, apesar de terem muitas ocasiões em que conversavam sobre o trabalho, suas conversas em particular diminuíram drasticamente.

A irmã mais velha que costumava grudar neles como cola estava saindo da aldeia e agora aqueles velhos tempos em que os três realizavam missões como uma unidade já pareciam um sonho distante e fugaz.

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Shinobi estavam correndo pela escuridão da noite.

Shinobi usam trens elétricos e trens ou dirigíveis a vapor quando a situação se faz necessária, mas eles eram mais rápidos em viajar a pé do que pessoas normais. Shinobi poderiam seguir um caminho sem trilhas e fazer uma jornada de mil quilômetros sem uma única pausa. Para eles, suas próprias pernas eram o método de transporte mais confiável.

E havia ainda mais razões para andar a pé quando se viaja no deserto, onde não há estradas confiáveis. Os shinobi eram mais persistentes que os camelos, mais rápidos que os cavalos, e voavam pelos mares de areia com facilidade.

O chefe do grupo de shinobi viajantes era Kankurou. Ao seu lado estava Amagi, que se recuperara dos ferimentos sofridos em sua última batalha.

Eles viram grandes melhorias nas técnicas usadas pelos iryō-nin (ninjas médicos), graças à colaboração científica que tiveram com Konoha. Os resultados das técnicas médicas secretas transmitidas pela Quinto Hokage, Tsunade-hime, foram notáveis ​​e Amagi conseguiu voltar a realizar missões depois de alguns dias, apesar de todo o seu corpo ter sido queimado por um raio.

"...Kankurou-sama." Amagi falou. "Eu não consigo entender."

"Não entende o quê?" Kankurou sabia a resposta, mas perguntou assim mesmo.

Os jovens ao seu redor, bem, na verdade não eram tão jovens, estavam todos descontentes com alguma coisa. Mas, mesmo que ele soubesse o que era, ele não poderia mostrar que sabia.

"Mesmo que sejam apenas aparências, esse tipo de celebração luxuosa é realmente necessária?"

"Ninguém gostaria que isso fosse uma espécie de comemoração, não é?", Disse Kankurou. "Sunagakure tem que mostrar seu poder aos Daimyou e às tribos vizinhas."

"Mesmo assim. Senhor." Amagi parecia zangado. "Nossos genin estão morrendo no meio de uma política limitada de armas do País dos Ventos, como se eles fossem descartáveis. E no meio dessa situação, acontece isso."

"..." Os shinobi reunidos em torno deles não levantaram uma única objeção.

Parecia que todo mundo tinha os mesmos pensamentos.

"É justamente por estarmos sob a proibição limitada de armas que precisamos manter essa aparência", disse Kankurou.

"E essas aparências afetarão a decisão do Daimyou?"

Foi uma pergunta difícil.

Os shinobi salvaram o mundo. Não tinha sido nem um pouco glorioso.

Amagi e os demais eram jovens, e não sabiam sobre essa batalha. Eles olharam para seus reverenciados veteranos, Gaara e Kankurou, e quando viram que seus esforços na guerra não haviam sido recompensados, começaram a pensar que eles também não iriam ser compensados por suas ações.

No momento, o conflito entre países havia caído acentuadamente e não havia muitas oportunidades para os jovens shinobi alcançarem distinções.

"Nossos utilidade é variada, seja em uma unidade antiterrorismo ou caçando fugitivos". Disse Kankurou, "O trabalho dos shinobi não se limita apenas a encontrar cães desaparecidos ou limpar as casas do Daimyou."

"Mas não consigo entender por que fazemos coisas como essa apenas na tentativa de lisonjear o Daimyou e os comerciantes." As palavras de Amagi foram pesadas. "Eu ouvi como nós shinobi, desde que existimos, somos capazes de manipular o Daimyou ou governar o país".

"Deixamos a política para o Daimyou", disse Kankurou. "Essa é a regra dos shinobi. Se nos envolvermos em política e nos afogarmos em coisas como ouro, álcool, sexo, não seremos mais shinobi."

"Eu mantenho os ensinamentos do Sábio dos Seis Caminhos perto do meu coração." Amagi respondeu.

Você descobriria que uma diferença entre os dois usuários de chakra, samurai e shinobi, era o método deles de receber os ensinamentos do 'ninshuu'. Os samurais se dividiram em um ramo mais espiritual e idealista, enquanto os shinobi seguiram um caminho semelhante ao pensamento 'como podemos usar nosso chakra para manter vivos os laços entre as pessoas?'

"Então", disse Amagi, "Não é verdade que bajular o governo contraria o caminho ninja?"

"Amagi." O tom de Kankurou ficou baixo.

Ele permitiria críticas gerais.

Essa era a política de Gaara. Ele achava que, se não permitisse críticas, ninguém iria querer segui-lo, devido ao seu passado homicida. Ele achava que permitir críticas reforçaria a cooperação, uma vez que as críticas permitiam aos cidadãos desabafar e ele consertar suas deficiências.

Mas havia um limite para o que Kankurou podia permitir.

"Gaara não é o tipo de homem que volta atrás em sua palavra", disse Kankurou. "Ele está lutando pelo bem de Sunagakure. Isso é um fato."

"...Eu sei disso."

Era verdade

Amagi, e os outros shinobi, depositaram suas crenças e esperanças em Gaara, e foi por isso que eles se candidataram para o cargo de shinobi.

Gaara era um herói para os jovens, alguém que estava mudando Suna de uma vila que era governada por velhos.

E foi exatamente por isso que eles não aguentaram ver Gaara se entrelaçando com o governo.

Esses jovens eram muito exigentes.

"Kankurou-sama, você arrisca sua vida na linha de frente; portanto, para nós, você é nosso líder."

Kankurou não gostou do peso das palavras de Amagi.

Eles não foram falados por interesse próprio ou algo calculado. Era pura e simples fé.

É exatamente por isso que estou preocupado com essa situação.

Kankurou perdeu os dias, onde tudo o que ele tinha que pensar era na missão.

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O reflexo da lua brilhava na superfície do lago no oásis.

Parecia nítido e claro, e terrivelmente frio.

Gaara estava olhando a lua do telhado de seu quarto. No final do dia, ele não tinha gostado do álcool, mas tinha sido um dia incomum em que ele não tinha nada para fazer, de modo que relaxou.

Bem, na verdade ele queria tentar encontrar algum trabalho para fazer, mas...

"Você é um idiota?!" Temari deu um rugido que desmantelou essa ideia. "Escute, ok? Uma reunião de casamento é o lugar onde você vai definir que tipo de família você terá. Como ficaria se um cara dissesse que preferia pensar em trabalho? Pense nisso."

Foi um longo sermão. Mas, ao mesmo tempo, também era um fato que ele não se importava em confiar seu trabalho aos outros.

Gaara tinha uma defesa absoluta.

Em poucas palavras, ele poderia enfrentar uma horda de shinobi inimigos e ainda sair ileso. Não era um exagero.

Nos velhos tempos, ele nunca hesitou em machucar os outros.

Agora, era o contrário.

Agora, Gaara entende a dor amarga que outros que não tem uma defesa absoluta e são feridos experimentam.

Pode ter sido arrogância.

Mas, mesmo assim, quando Gaara é forçado a enviar alguém que possa ser abraçado pela morte, e ele permanece seguro, ele se sente muito mal.

"Então você estava aqui, Gaara."

Muito poucas pessoas chamavam o Kazekage pelo nome.

O shinobi de meia-idade que apareceu ao lado de Gaara com uma rajada de vento, Baki, era um desses poucos.

Ele era um homem como o granito do deserto que havia sido desgastado pelo vento por incontáveis anos e inabalavelmente leal.

"Baki. O que há de errado?"

Baki era superior a Gaara quando ele era genin e mais jovem. Agora, Baki era tecnicamente subordinado de Gaara, mas a verdade era que ele era mais como um guardião.

Era por isso que não havia necessidade de saudações burocráticas entre eles.

Eles tinham a confiança de um professor e aluno, bem como de camaradas de armas. Não havia espaço para exibições espalhafatosas.

"Por que fui chamado aqui para ficar encarregado da segurança e Kankurou voltou para a vila?"

"?" Gaara virou a cabeça. "Kankurou me disse que esse era o plano original."

"Ouvi dizer que Kankurou estava cuidando pessoalmente da segurança, já que, embora esse fosse um assunto oficial público, também era algo que preocupava intimamente a família Kazekage. Então, recebi a notícia de que o estava substituindo de repente."

"...Isso é estranho..."

Mesmo que fosse sobre a família, não, exatamente porque era sobre a família, acontecimentos estranhos não poderiam ser negligenciados.

"Devo contatar Kankurou?"

"Parece que é tarde demais para fazer isso. Meus subordinados já voltaram. De qualquer maneira, parece que a cadeia de comando foi quebrada em algum lugar."

"...Se isso é um enredo, é um filme muito mal elaborado", disse Gaara. "Quando verificarmos a ordem dos comando dados, a pessoa responsável será imediatamente exposta."

"É claro que poderia ser apenas um erro de comunicação", disse Baki.

Baki não disse isso por otimismo ou por qualquer intenção de cobrir Kankurou.

Eles perderam um grande número de veteranos importantes durante a última guerra, e todas as aldeias agora tinham uma proporção terrivelmente alta entre jovens e veteranos. Como resultado, o número de pessoas que tiveram a experiência necessária para trabalhar nos bastidores, como trabalho de escritório ou gerência, diminuiu bastante.

Um erro criaria outro erro, e as coisas poderiam acabar em caos.

Infelizmente, não há um único humano que não cometa erros, portanto, em vez de serem implacáveis ​​com relação a erros, eles planejaram tudo com a suposição de que já havia erros cometidos.

"Pode ser um erro, Baki." Disse Gaara. "Mas também pode ser uma trama feita às pressas por pessoas problemáticas que não foram detectadas ainda."

"Afirmativo".

"...A reunião de casamento é assunto pessoal, mas é tarde demais para reagendá-la. Reforce a segurança, por favor. E investigue." Gaara hesitou por um momento antes de continuar. "Ligue para os shinobi de Konoha também. E também Temari, em particular."

"Entendido." Baki desapareceu.

Por um tempo, Gaara ficou lá, passando a mão na cabaça que ele carregava. Seus lábios se moveram, mas ele não emitiu nenhum som.

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O véu suavemente removido revelou características bonitas e bem definidas que faziam você pensar que se o vento assumisse a forma de uma mulher, ele seria assim desse jeito.

Ela era uma mulher muito bonita.

Era uma explicação muito clara para a aparência dela, mas infelizmente Gaara não tinha um vocabulário suficientemente amplo.

"Eu sou Hakuto, do Clã Houki*."

Os cabelos negros brilhavam como uma pérola negra e desciam até os ombros. O quimono que ela usava parecia simples e elegante à primeira vista, mas quando você olhava mais de perto, podia ver a alta qualidade do material e a grande quantidade de gemas, mas não demais, tecidas entre as linhas.

Sua pele era clara, ela era esbelta, mas não muito magra, e você podia ver contornos nos músculos sob sua pele, por conta do treinamento shinobi.

Bela.

Essa foi a primeira impressão honesta de Gaara.

Não havia afeto ou pensamentos perversos.

Era uma especialidade dele olhar as coisas sem preconceitos. Era evidente que o rosto de Hakuto sem maquiagem parecia tão adorável quanto um lírio dourado. Ela estava acima de todas as outras.

O Clã Houki era matrilinear, dessa forma, a comitiva de parentes do lado dela da sala eram todas mulheres idosas, exceto uma. Os pais dela haviam falecido na guerra. No lado de Gaara a situação estava em um estado semelhante. Temari era sua única parente no momento. Gaara não gostou da ideia de aumentar os números e não gostou da ideia de mediadores.

"Eu sou Gaara, sucessor do Kazekage."

"Espero que dê tudo certo hoje."

"Ah sim...!"

Eles estavam sentados na sala privada de um restaurante que tinha uma bela vista do lago.

Foi a primeira vez na vida de Gaara que ele se sentou ao lado de uma mulher adorável em um lugar como este.

Ela tem muitas aberturas em sua postura... então, ela é uma iryō-nin.

Os iryō-nin eram ativos preciosos na linha de frente curando ninjas, mas eles não podiam ser comparados a um shinobi da classe de Gaara, porque havia uma diferença incrível na habilidade de seu taijutsu. Haruno Sakura, de Konohagakure, é uma rara exceção para essa regra.

Mas, o caso era diferente quando se tratava da kunoichi usando óculos grossos atrás de Hakuto. O modo como ela se comportou e falou com maestria, a entregou, ela era pelo menos da classe jounin. No meio de todas as velhas, Gaara e Hakuto eram os mais novos, mas parecia que ambos os guardas não ficavam muito longe.

Bem, de qualquer forma, já que se trata de casamento, o taijutsu não será um problema.

Com esse pensamento, o rosto de Gaara ficou vermelho de repente.

A ideia de que a mulher na frente dele pudesse se tornar sua esposa finalmente se conectava à realidade em seu cérebro.

Bem, isso só aconteceria se a reunião de casamento fosse bem sucedida, mas ainda assim, os pensamentos giravam em torno de sua cabeça.

"Bem, então, vamos deixar vocês jovens conversarem." Um dos velhos mediadores disse casualmente e todos os outros se levantaram.

Isso incluía o único parente do lado de Gaara, Temari.

"Gaara." Temari disse, movendo-se para falar em seu ouvido.

Havia um método usado pelos shinobi ao sussurrar, eles mudavam a pronuncia das palavras para garantir que ninguém mais ouvisse o que estava sendo dito.

"Você sabe, as mulheres do Clã Houki não mostram o rosto sem maquiagem para nenhum homem, exceto aquele com quem vão se casar."

"...?"

"Ah, você é tão grosso." Temari colocou um braço em volta do pescoço do irmão. "Quero dizer, você tem esperança, entende?"

"Oh." Gaara disse. "Ohh...!"

Em frente a eles, Hakuto deu um sorriso.

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De acordo com os antigos shinobi, os younin são aqueles que trabalham ao ar livre, enquanto que os innin trabalham sob a proteção da camuflagem.

Os younin trabalham nas guerras de informação, analisando as relações entre pessoas ou conhecimento público para adivinhar as intenções do inimigo. Seu trabalho incluiu Inteligência de Sinais e Relações Humana.

Os innin, por outro lado, se infiltram no território inimigo e causam destruição. Após adquirir informações inimigas, eles são orientados a agir de maneira a favorecer o seu lado. Quando as pessoas pensam em táticas shinobi, são essas que elas pensam.

É claro que Gaara, sendo um jounin, já tinha passado por várias situações diferentes. Um younin experiente era capaz de olhar os preços das ações de ferro e aço em um jornal e descobrir imediatamente se o inimigo estava movendo seus soldados ou se os rumores sobre a construção de um novo navio de guerra eram verdadeiros.

Assim, também havia shinobi que eram diplomatas experientes.

Durante as missões de Rank-A ou B, houveram muitos casos de negociações diplomáticas entre Daimyou, ou grandes corporações, ou negociações para a libertação de reféns. E, inversamente, às vezes os diplomatas enviados por Daimyou eram na verdade shinobi da classe jounin que secretamente coletavam informações.

No entanto, havia uma condição.

O que permitiu aos shinobi fazer tudo isso foi o fato de que seus assuntos pessoais não estavam envolvidos.

Era diferente deste momento, onde uma jovem mulher estava sentada na frente dele e olhando para ele com uma expressão nervosa no rosto. Como ele deveria iniciar o contato?

A vila de Sunagakure tinha muitas kunoichi que adoravam Gaara.

No entanto, ele nunca desenvolveu um relacionamento com ninguém, principalmente por causa do trabalho furtivo de Temari em se livrar de 'admiradoras indesejadas' e também em parte porque ele era o superior de qualquer pessoa interessada nele.

Para começar, Gaara nunca teve intenção de ter algum relacionamento, e todos os sentimentos de seus subordinados eram, para ser mais preciso, e honestamente, o tipo de desejo que você tinha por um ídolo distante.

E foi por isso que Gaara passou cinco minutos em silêncio, completamente sem saber o que dizer de bom para Hakuto.

Isto é mau.

Se este era um campo de batalha, seu silêncio era o movimento que o faria perder a guerra.

Os Shinobi que drenaram sua força emocional enquanto esperavam que o oponente fizesse um movimento não estavam se protegendo, estavam se encurralando, e logo morreriam.

Gaara conhecia bem esse fato.

"Hm." Os dois falaram ao mesmo tempo, as palavras se chocando no ar, e os dois abaixaram a cabeça novamente.

Isso é muito ruim.

Sua irmã havia lhe dado uma palestra furiosa cheia de conselhos antes deles virem para cá, mas de alguma forma, naquele momento, Gaara não conseguia se lembrar de nada que ela havia dito.

Parecia semelhante ao momento em que ele caíra sob o efeito do Tsukuyomi Infinito.

Sua mente não estava sob seu controle. Mas, este não era um genjutsu. Foi completamente diferente. Algo mais o estava afetando.

Mas Gaara era um shinobi. E não qualquer shinobi. Ele era um dos Cinco Kage que estava no cume do mundo shinobi.

Ele internamente se recompôs, usando as técnicas de concentração que costumava praticar, e abriu a boca novamente.

"...Hm, quais são seus hobbies?"

Não era uma pergunta original, possivelmente tão original que não sairia da boca de ninguém além dele, mas ele também aprendeu vendo Naruto que, às vezes, a menor e menos original descoberta poderia ajudá-lo a mudar sua situação em uma batalha.

"Lendo", Hakuto respondeu, "E... a harpa, um pouco. E você, Gaara-sama?"

"Criar cactos."

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"Oh, esse idiota."

De onde estava, Temari estava murmurando, vigiando os acontecimentos de cima.

"Há um limite de quão banal você pode ser. Que parte disso foi encorajadora para a outra parte? Eu te disse, você ouve o que a outra pessoa tem a dizer e depois diz o suficiente para encorajá-la, é passar uma bola...", murmurou ela. "...Que pena, Shikamaru é assim e Gaara é assim, por que os homens ao meu redor perdem todo o senso comum quando se trata dessas situações...?"

É claro que Temari deveria estar conversando com os parentes de Hakuto e outras pessoas de interesse, mas fugir disso era mamão com açúcar. Ela não tinha a menor dúvida em dizer que seu bom senso era maior em comparação com todos os outros.

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"Cactos...?" Perguntou Hakuto.

"Sim, cactos." Disse Gaara. "Comecei a cultivá-los em vasos, mas ultimamente tenho pensado em fazer uma estufa."

No teto, Temari fez uma cara sem esperança. Esse tinha que ser o golpe mortal.

Quem te disse para falar apenas sobre você?! Ela pensou. Deixe sua parceira falar! Um homem que mantém uma boa conversa é um bom homem, eu lhe avisei sobre isso!

Contudo.

"Eu nunca saí da vila", disse Hakuto, "Então eu não sei, mas, cactos, eles precisam da ajuda das pessoas para crescer?"

"Correto". Disse Gaara, "Os cactos podem parecer coisas do deserto, mas a verdade é que são plantas que brotam do solo. Armazenar água é sua especialidade, mas eles não podem crescer sem água, portanto, é preciso criar uma maneira de dar a água que elas precisam."

"Oh." Hakuto pareceu surpreso. "Eu sempre pensei que os cactos poderiam crescer sem serem regados."

"Eu também pensava assim, e eles acabaram secando muito. Acontece que eles precisam de água suficiente para garantir que o solo não seque completamente. Eles crescem devagar, então, apenas um pouco está bom. Mas, se você as regar demais, as raízes vão apodrecer... ah, não, desculpe. Acabei falando demais sobre meus próprios assuntos."

"Não, está tudo bem." Hakuto riu docemente. Não era falso ou forçado, "Antes de nos conhecermos, ouvi dizer que você era o temido 'Gaara da Cachoeira de Areia' e me perguntei o quanto você seria assustador. Mas depois de ouvir sobre seus cactos, minha impressão sobre você mudou."

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Oh, ohh?!

Temari ficou momentaneamente atordoada com a mudança inesperada dos acontecimentos, mas imediatamente ergueu o punho silencioso da vitória.

Sim é isso! Ela pensou. Continue! Próxima rodada!

O olhar em seu rosto era muito semelhante a um espectador em um torneio de artes marciais.

As coisas não estavam de acordo com o bom senso dela, mas, nesse caso, Temari achou que era uma boa reviravolta.

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"Gaara-sama, eu nunca vi um cacto com flores antes, mas... eles brotam flores mesmo?"

"Sim", Gaara puxou um pouco de areia de sua cabaça atrás dele, e fez a areia tomar a forma de um cacto, com uma grande flor, indescritivelmente bonita, crescendo no topo. "As flores que florescem nos meus cactos ficam assim. Ouvi falar de cactos que florescem apenas uma vez a cada vinte anos, mas prefiro os que florescem essa flor uma vez a cada ano."

"É realmente lindo..."

"Obrigado." Como qualquer horticultor, o rosto de Gaara parecia um pai cujo filho havia sido elogiado.

O sorriso em seu rosto era o mesmo que ele costumava dar a seu pai adotivo, Yashamaru.

"Depois que uma flor floresce, você não pode mudar o cacto para outro vaso". Continuou Gaara, "Ele deu todo o seu poder para trazer uma nova vida ao mundo. Mas, esse é outro lado agradável de criá-los..."

Hakuto disse, "Você é realmente muito gentil, não é?"

"Tipo...?"

A palavra não combina com ele.

Seu eu passado, que estava tão cheio de ódio pelo mundo, nunca imaginou que chegaria o dia em que alguém o chamaria de gentil.

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Bem, isso faz sentido. Ela é uma nobre jovem do Clã Houki que nunca deixou sua vila, é claro que ela não sabe como Gaara costumava ser.

Os seres humanos formam a impressão sobre uma pessoa com base no que veem agora, e guardam essa impressão que tiveram no passado.

A razão pelas qual as pessoas tinham receio de Gaara, como esperado, era por conta dos dias em que ele costumava ser cruel.

Portanto, não era tão estranho que Hakuto, que não sabia nada sobre o passado de Gaara, pudesse olhar para o presente dele e facilmente, honestamente, chamá-lo de gentil.

Se era esse o caso, pensou Temari, era algo para ficar feliz.

Era algo para ficar muito, muito feliz.

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"Depois que você se tornou Kazekage, a vida cotidiana do Clã Houki ficou muito mais pacífica." Disse Hakuto, "Como você sabe, meu clã é uma casa especializada em iryō-nin e coletores de informações. Somos chamamos de as pessoas que trabalham nos bastidores. E, até recentemente, nenhum de nós jamais foi colocado no centro do governo de Sunagakure. Você sabe o porquê, correto?"

"Sim", respondeu Gaara. "Ouvi dizer que era porque você era um clã que originalmente se mudou de Konohagakure para Sunagakure."

A razão pela qual esse clã foi escolhido como parceiro para um possível casamento deveu-se à forte insistência de Toujuurou. O Clã de Houki havia demonstrado profunda lealdade por muitos anos, e eles também estavam em uma posição neutra com a maioria dos clãs, portanto, sua influência também não seria dominante.

"Exatamente. Como o Clã Houki fica localizado entre a fronteira do País do Fogo e do Vento, sempre fomos motivo de dúvida sobre de que lado estávamos. Mas você não teve nenhum preconceito contra nós e nos empregou. "

"...Você está superestimando. Contratei quem poderia prestar o serviço, nada mais."

Esse foi, novamente, um fato real.

Para o frágil Gaara, sua autoridade política parecia um vínculo de obrigação com o passado, e não havia um único recurso à sua disposição que ele se contentasse em não usar. Como Kazekage, ele trabalhava freneticamente pelo bem de sua aldeia, e os resultados disso eram justos... Gaara reconheceu essa verdade.

"Mesmo que seja assim", respondeu Hakuto, "Eu quis conhecer a pessoa que nos contratou".

"É mesmo?"

Foi uma conversa comum, mas Gaara sentiu uma espécie emoção de alívio que nunca havia sentido antes.

Ele achava que essa felicidade era por conta dos frutos que ele viu da batalha que continuava lutando no campo da política.

A alegria foi semelhante à primeira vez que ele viu uma flor desabrochar em um de seus cactos.

Nota* - A tradução traz a palavra tribo, porém preferi traduzir como clã. Acredito que faz mais sentido.