quinta-feira, 18 de junho de 2015

Shikamaru Hiden - Capítulo 2: O País do Silêncio (Parte Dois - Tradução)

A novela "Naruto - Shikamaru Hiden: Yami no Shijima ni Ukabu Kumo" lançada em 04 de março, traz um aventura inédita com Nara Shikamaru, dois anos após a Quarta Guerra Mundial Shinobi. A novela é escrita por Takashi Yano, e possui 224 páginas.


Os capítulos da novela serão traduzidos para o português a medida que a versão em inglês seja liberada. Confira a segunda parte do capítulo dois (o livro original não faz separação dos capítulos em partes, ela será feita nesta tradução para tornar a leitura menos massante). Para ver outras partes do livro acesse aqui.

------------------------------------------------------------------------------
Capítulo 2 - O País do Silêncio (Parte Dois)

Trecho Seletivo
Shikamaru nem sequer tentou esconder os arrepios percorrendo sua espinha, sentado no frio chão de concreto.

Não havia janelas. As paredes, o teto, tudo era concreto. Ele, Rou e Soku estavam sentados em círculo, numa sala completamente cinza.

Todos os três estavam usando longos mantos dos 'iluminados'. Todos roubados, é claro. Mesmo o quarto onde eles estavam residindo não pertencia a eles. O verdadeiro proprietário era um 'iluminado' que havia sido jogado em um armário na sala ao lado, nocauteado por uma das agulhas de chakra paralisantes de Soku.

Claro, eles não perderam a oportunidade de realizar interrogatórios no meio de seus roubos. O resultado do cruzamento de seus questionamentos foi muitas informações valiosas.

"Parece que o Senhor Shikamaru estava correto em sua observação inicial." Rou tomou à dianteira. "Este país, de fato, parece está sendo governado esse tal de Gengo e seu assustador carisma."

Shikamaru concordou com Rou sobre o carisma. Eles tiveram que emboscar outro 'iluminado' para obter um grande manto para Rou, e outra 'iluminada' para o manto de Soku. Contando Minoichi, três 'iluminados' tinham sido interrogados.

Três 'iluminados', a única coisa que não mudou em todos os cenários foi sua obsessiva e inabalável fé em Gengo.

A fé dos 'iluminados' depositada em Gengo era claramente diferente da confiança depositada pelos shinobi de Konoha no Hokage, ou em Naruto.

Os seres humanos sentem amor e respeito por outro ser humano. Essa foi, na opinião de Shikamaru, o vínculo entre os shinobi de Konoha e seus líderes. Pessoas respeitando pessoas.

Mas a maneira como os 'iluminados' tratavam Gengo era diferente. Eles falavam dele com o mesmo temor e reverência que usariam para um deus vivo. Como se eles acreditassem, enquanto seres humanos, que a existência de Gengo era algo completamente diferente. Era uma inabalável e perturbada fé.

Que tipo de homem poderia fazer as pessoas adorá-lo dessa maneira?

Shikamaru ficou encucado com esse fato, ele se sentiu curioso sobre a resposta.

"Bem, tem sido dito desde início que essa coisa todo acabará se dermos um fim em Gengo, sabe." Disse Soku sem rodeios. "É por isso que eu e o velho estamos aqui. Se não fosse o caso, não seria necessário vir pra cá. Embora eu tivesse gostado que não fosse o caso, sabe."

Embora seu último comentário tenha sido um pouco rude, a entrada de Soku na conversa foi pertinente.

"Parece que os pensamentos sobre Gengo transformaram-se em um fervor religioso." Disse Rou.

"Eu também penso assim, sabe." Assentiu Soku. "Algo tem que haver para eles sejam tão fervorosamente ligados a ele."

"O que você quer dizer com isso, Hinoko?"

"Shikamaru-san! Eu disse para não chamar pelo meu nome!" Soku teve um acesso de raiva, apontando o dedo indicador para o rosto de Shikamaru, a ponta dele crepitando em um chakra laranja. "Se você me chamar pelo meu nome de novo, vou acabar com você."

Ela tava tão nervosa, que sequer adicionou 'sabe' no fim da sentença.

"Por que você não gosta? É um nome adorável...¹"

"É por isso que não gosto!" O chakra de Soku brilhou ainda mais como seu temperamento. "Um nome legal como Gourai (rugido do relâmpago), Shippu (ventania rápida) ou Kimidare (chuva de verão) teria sido muito melhor!"

Não importa quão capaz seja um shinobi, em seu interior Soku ainda era uma criança de 14 anos de idade. Sua lista de nomes 'legais' eram incrivelmente bregas, Shikamaru estava desesperadamente tentando não rir.

Ela deve ter confundido a expressão tensa em seu rosto como um olhar de desculpas, porque o chakra zumbindo na ponta de seu dedo de repente se apagou.

"Desculpa." Disse Shikamaru, recuperando o controle sobre si mesmo. "Eu não sabia que você odiava seu nome a esse ponto. Vou ter mais cuida para não usá-lo."

"C-Contando que você entenda..." Soku parecia um pouco envergonhada por sua explosão de raiva, agora ela olhava para o chão.

Espalhada no chão na frente dos três havia um mapa da Vila da Cortina. Ele foi obtido a partir do proprietário da sala.

"Bem, a forma desta cidade é com uma teia de aranha." Disse Rou, cruzando os braços, pensativo.

Shikamaru baixou o olhar para estudar o mapa também. Seus olhos caíram sobre a imagem do grande castelo no centro da cidade. O texto ao lado dele trazia 'Castelo dos Prisioneiros Decaídos'. 

"Prisioneiros Decaídos..." Shikamaru murmurou para si mesmo.

"É um nome depreciativo." Rou explicou com seu conhecimento sobre tempos antigos. "Usado para prisioneiros de guerra, ou descivilizados que vivem perto das fronteiras de uma metrópole."

"Depreciativo, hein..." A mente de Shikamaru estava zumbindo e ele murmurou em voz alta. "Será que Gengo deu esse nome? Ou o castelo já tinha esse nome muito antes dele dar as ordens?"

"O País do Silêncio sempre evitou o contato com outros países e, como consequência, até mesmo a ANBU de Konoha tem poucas informações sobre este castelo."

Shikamaru de alguma forma sabia que Gengo havia dado esse nome ao castelo. Foi apenas uma vaga intuição, por isso, não disse nada sobre isso.

"Por que dar um nome insultante ao seu próprio castelo..."

"Deve haver algum tipo de significado, certo? 'Quando as Cinco Grandes Nações e outros países menores revindicaram suas terras no continente, esses descivilizados foram forçados a viver na periferia do mundo.' Eles estão insultando a si mesmos." Disse Rou.

"Parece que é isso mesmo." Comentou Shikamaru, imerso em pensamentos.

"Isso é estúpido, sabe." Soku interrompeu com desdenho. Ela ficou em silêncio, ouvindo-os falar, mas parecia tão animada que não podia parar de falar. "Insultar-se, declarando-se uma escória, que tipo de crueldade maluca é essa? Esses cabisbaixos e pessimistas estão tentando subverter o mundo shinobi? Ridículo."

Ela se esqueceu de acrescentar 'sabe' novamente.

Soku, Shikamaru percebeu, estava genuinamente irritada com as pessoas deste país por darem um nome tão autodepreciativo.

"É provável que por insultarem-se, eles encontrem a ferocidade para brandir suas presas na luta contra o resto do mundo."

A reposta de Soku a explicação de Shikamaru foi um desvio de olhar desgostoso. Ele continuou falando.

"Vingança nasce do ódio por seu adversário. E o ódio não é algo que possa existir sem que alguém comece uma briga ou provoque seu oponente."

"Então, Senhor Shikamaru, você está dizendo que as pessoas deste país se ressentem com os outros países deste continente?"

"Essa é uma ideia ridícula, sabe." Cortou Soku, ainda fumegante. "Todos os 'iluminados' que governam esse país são ex-shinobi de outros países, não são?"

Soku estava certa. O fato veio a tona durante seus interrogatórios aos três 'iluminados'. Cada um deles estava envolvido com o governo deste país e eram shinobi de outros países. Parte deles eram ninjas que tinha desaparecido em ação durante a guerra, enquanto que o resto se tornaram nukenin durante o ano passado, mas todos eram autoridades que governam sob a tutela de Gengo.

Eles sabiam que esse país já teve um Daimyo também. Aquele que tomou o lugar do Daimyo elevou os 'iluminados' e alterou o país a partir de sua raiz até sua copa, foi ninguém menos que Gengo.

Um resumo adequado diria que o atual País do Silêncio estava sendo completamente governado por shinobi.

"Se eles (shinobi) odeiam outros países." Soku continuou. "Então significa que eles odeiam sua própria vila também. Isso não pode estar certo."

O conceito parecia alheio a ela.

"Há shinobi assim também." Disse cuidadosamente Shikamaru, explicando em um tom calmo. "O grupo que foi a causa da última grande guerra, a 'Akatsuki', era constituída maioritariamente por nukenin. Eles eram um grupo com habilidades excepcionais que odiavam o mundo shinobi."

Se você encontra-se em uma situação difícil, sentimentos ruins começam a aflorar. Não é surpreendente que todo esse ressentimento e raiva se volte contra seu próprio país. Você iria culpar sua vila por seu infortúnio e sofrimento, dizendo que não foi sua culpa, mas quanto à estrutura de seu país, é mais fácil culpar a estrutura do mundo.

Foi através desse tipo de pensamento que membros da Akatsuki e os 'Iluminados' nasceram.

"Mas, se, se isso é verdade..." Falou Rou, Soku e Shikamaru ambos ficaram em silêncio. "Se isso é verdade, e os 'Iluminados' sentem-se insatisfeitos com o estado atual dos shinobi...."

Rou olhou para Shikamaru, que acenou para ele seguir em frente.

"Eles vieram para este país com sentimentos de insatisfação... Mas, bem, o que eles estão fazendo aqui não é diferente do que é feito no mundo shinobi, não é?"

Rou estava se referindo à forma como os 'Iluminados' garantiam sua sobrevivência. O País do Silêncio tinha aberto uma rota para negócios exclusivos, e estava recebendo pedidos de missões de todo o continente. Além do mais, os seus preços eram mais baratos do que a União. Os países maiores e poderosos, como as Cinco Grandes Nações, não se importam muito com o preço alto, mas sim com a credibilidade. Mas é um alívio para os países menores do continente que possuem menos recursos em ouro.

Não era de se admirar que as solicitações de missões para a União tinham diminuído significativamente.

Foi exatamente como Rou tinha dito. Ninjas que se sentiam ressentidos com o mundo shinobi fugiram para o País do Silêncio para continuar a executar missões sob demanda como um shinobi normal faria. Era um cenário verdadeiramente ridículo.

"A 'verdadeira revolução'..." Soku murmurou pensativo.

Quando Rou e Shikamaru viram o olhar para ela, a menina parece envergonhada.

"É o que o Minoichi disse. 'Nosso objetivo é criar uma verdadeira revolução neste mundo juntamente com Gengo-sama', e outras coisas..."

"Você acha que as missões são parte do objetivo final deles?" Perguntou Shikamaru.

Soku assentiu.

"Bem, de qualquer maneira... Gengo é uma ameaça que deve ser eliminada." Rou murmurou.

"Fomos abençoados com uma boa chance, sabe." Disse Soku, apontando para a praça em frente ao Castelo dos Prisioneiros Decaídos.

"A praça da cidade reservada para discursos... É um cenário adequado para um assassinato, não é?" Rou riu e olhou para Shikamaru com regozijo.

O homem que eram sempre tão simples e sincero agora estava falando de assassinato a sangue frio com um sorriso no rosto. Shikamaru sentiu pela primeira vez, no fundo de seus ossos, que Rou fazia parte da ANBU.

"Para resumir o que discutimos antes: Rou, você vai usar seu jutsu para ajudar a nos misturar na praça. Eu vou estender minha sombra até alcançar Gengo. Soku, você ficará em um telhado próximo, com sua vista livre. O momento que ver Gengo enrijecer, você disparará sua agulha de chakra."

Ambos acenaram para suas ordens com sorrisos inquietantes, como se estivessem ansiosos pela emoção.

"Nós estamos dependendo de você, Hinoko."

"Quantas vezes tenho que lhe dizer para não me chamar assim." Soku bateu os pés, indignada.

"...Quarenta vezes." Susurrou Rou.

"Huh?" Soku olhou para seu superior, com os lábios tremendo de raiva.

"O nome do Senhor Shikamaru tem 'shi' para '4' e 'maru' para '0', então... quarenta." Disse Rou humildemente.

Soku estava furiosa.

"Mais uma vez com trocadilhos!" Ela deu passos para frente. "E dos maus ainda! O que aconteceu com o 'ka', hein?!"

Rou apressadamente postou-se de pé, apesar de seus 40 anos, significativamente maior que sua colega ANBU de pavio curto, que rapidamente se escondeu atrás de Shikamaru para sua segurança, encolhendo sua raiva de 14 anos de idade.

Claro, ele poderia cair na gargalhada, mas Shikamaru sentiu-se envergonhado em nome dos dois.

"Tudo será resolvido... amanhã?" Ele suspirou.

Os dois ANBU endireitaram-se imediatamente, jorrando para fora seus pensamentos para fora de suas bocas.

"Vai ficar tudo bem. sabe!"

"Não nada com que se preocupar, Senhor!"

Olhando para eles, Shikamaru soltou outro suspiro.

Nota¹ - Hinoko significa faíscas de fogo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário