Hakutaku, literalmente "Pântano Branco", também conhecido por Bai Zé (Mandarim), é um youkai do folclore japonês de origem chinesa. O "Novo Livro de Tang" e o "Livro de Sui" trazem histórias oficias das dinastias chinesas de Sui e Tang, além de um registro de diversas criaturas lendárias do folclore chinês, o "Livro Bai Zé Tú". Embora o texto original e ilustrações tenham sido perdidas, alguns fragmentos do "Livro Bai Zé Tú" sobreviveram, através de citações em outros textos. Ao que tudo indica os livros perdidos continham um catálogo de demônios, fantasmas e monstros, classificados por tipo e nome, além da maneira correta de evitá-los sem ser prejudicado ou ainda maneiras de explorá-los em busca do ganho pessoal.
Um dos trechos deste catálogo diz: "O espírito de diversos túmulos abandonados é chamado de Lobo Demônio. Ele gosta de envolver pessoas em combates e não os abandona facilmente. Faça um laço, adicione flechas e penas e atire contra a criatura. Se o Lobo Demônio girar no ar, remova um de seus sapatos e jogue contra ele, assim ele não poderá transformar-se".
Outra trecho encontrado no quinquagésimo oitavo volume da coleção "Fǎ Zhu Yuan Lín" sobre espíritos de pedras preciosas, cita o seguinte: "O espírito de Jade é chamado de Dai Weǐ. Ele toma a forma de uma bela mulher e usa roupas azuis. Quando você deparar-se com ela empunhado uma adaga de madeira pêssego e gritar o seu nome, ele se tornará você. O espírito de ouro é chamado Cang Tang. Ele tem duas cabeças no corpo de um porco, e quando fervê-lo e comê-lo, seu sabor é como a carne de cachorro.
Tão interessante quanto o " Livro Bai Zé Tú" é a lenda por trás de sua autoria, que aparentemente foi ditada pelo próprio monstro. Certa vez Huang Di (O Legendário Imperador Amarelo) encontrou-se com a sábia besta Bai Zé, quando estava em turnê pelo oriente, a partir do século VI em diante várias fontes registraram a versão do Imperador Amarelo sobre a criatura: "Huang Di fez uma visita imperial para inspecionar o oriente, e quando ele subiu uma montanha chamada de Monte Huan, encontrou-se com um deus-monstro chamado de Bai Zé. Está besta falava a linguagem humana bem, e sabia tudo o que havia para saber sobre cada coisa da criação. Então Bai Zé disse que, dos espíritos que transbordam essência vital e alcançaram a forma física, e aparições de espíritos brincalhões, existem 11.520 espécies. Então, Huang Di ordenou que desenhos fossem feitos com base nas informações citadas por Bai Zé, e assim, nasceu o livro chamado de Bai Zé Tú".
O Bai Zé também é mencionado no clássico "As Montanhas e os Mares" como uma criatura que habita o Monte Dong Wang. Diz ser adepto da fala e surge quando o Rei, ali presente, é virtuoso. Na China, o Bai Zé é geralmente retratado com a forma de um leão. Quando a lenda foi importada para o Japão, sua imagem alterou-se lentamente. Primeiro, chifres e casco foram adicionados a sua forma, mais tarde um rosto humano barbudo, um olho extra na testa e dois chifres e três olhos em cada flanco foram incorporados, deixando-o com um total de nove olhos. Sua imagem representa uma criatura que remove espíritos malignos, tornou-se muito popular como amuleto de boa sorte no Período Edo. Está adoração japonesa por Bai Zé surgiu através da lenda da criatura chamada Kutabe, criatura pensada para ser idêntica ao Bai Zé. Uma vez tal besta apareceu no Monte Tateyama, em Toyama, e previu que uma praga mortal varreria a região pelos próximos anos. A besta prescreveu que a própria imagem deveria ser usada como talismã para afastar a doença, e desde então, o Hakutaku foi adorado como espírito guardião da medicina natural. Hoje, representações do Hakutaku (nome japonês do Bai Zé) giram em torno de amuletos de proteção para os viajantes, contra calamidades e doenças, e como amuletos de sorte.
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