sábado, 27 de julho de 2013

Mitologia e Folclore - Jorogumo

Fonte: obakemono project

Jorogumo, literalmente "Aranha Prostituta", também conhecida pelos nomes de Rakushinpu (Luo xiin Fu) e Madara-gumo, é um youkai do folclore japonês. Das muitas criaturas que podem assombrar um lugar ou uma pessoa, a Jorogumo é um animal real, reconhecido pela zoologia moderna. O termo Jorogumo é usada para identificar a aranha Nephila clavata (imagem esquerda), que no passado era considerada a mesma que a espécie Kogane-gumo (imagem direita). Ambas as especies são grandes aranhas de tecelagem e com marcas atraentes. Embora hoje em dia esse tipo de aranha é conhecido por não ser venenosa, em tempos passados ela foi considerada com um veneno perigoso, junto com suas habilidades sobrenaturais. 


A famosa enciclopédia do período Edo, Wakan Sansai Zue diz o seguinte sobre a Jorogumo:    

O Rakushinpu é uma coisa que leva o nome de Jorogumo nos vales, e as suas marcas amarelas, pretas, verdes e vermelhas são atraentes, mas ao mesmo tempo são perigosas. Seu veneno é extremamente terrível. Quanto a sua forma, em comparação a uma aranha normal, tem o comprimento delgado, e a extremidade traseira aguçada com longas pernas negras. Os membros pegajosos possuem listas amarelas, ela faz suas teias nos galhos das árvores e nos beirais das casas. Se uma pessoa atacá-la e quebrá-la  ela irá sangrar e morrer. Outras aranhas não possuem sangue (seus fluidos corporais não são vermelhos). Sua traseira é nítida, oscilando e brilhando, porém não é tão viva quanto a luz de uma vaga-lume. Coisas velhas, muitas vezes produzem luz. Ás vezes é vista de forma inesperada em um dia de chuva ou noite escura.      

Durante Dinastia Ming, no livro de medicina Běncǎo Gang Mu, também menciona a Luo xiin Fu. Nele é descrito um homem, mordido no topo da cabeça pela aranha, e que teve a mesma imensamente inchada. O homem foi curado com um suco, uma mistura de vários ingredientes, entre eles um exemplar de aranha macho.

No folclore a Jorogumo é frequentemente associada com poços profundos e cachoeiras sobrenaturais. Uma lenda muito comum conta que certo dia, um homem estava descansando perto da cachoeira, e uma aranha (Jurogumo) amarrou vários de seus fios nas pernas e pés do homem. Para se libertar, ele cortou os fios e os amarrou em um toco de madeira e o jogou na água e o mesmo foi levado pelo rio.   


O mestre das Cascatas Joren (Joren'notaki), na cidade de Amagiyugashima, prefeitura de Shizuoka, península de Izu, é considerado um poderoso Jorogumo. A lenda local diz que essa aranha uma vez teceu um fio em torno do pé de um camponês, e depois, com um grande som de trovão, tentou arrastá-lo para as quedas, frustou-se, pois o homem transferiu de antemão a linha para um tronco de madeira.    

O Izu Densetsu Shu (Coleção Lendário de Izu) inclui uma versão expandida da história, em que o Jorogumo aparece novamente muito mais tarde a um lenhador, que deixou cair sua machadinha na água. A aranha aparece na forma de uma mulher de entre as rochas e devolve a machadinha, e diz a ele que é o mestre Jorogumo das quedas, e que ele nunca deverá contar a ninguém sobre o encontro, caso contrario ele vai perder sua vida. Algum tempo depois o lenhador se embriaga em uma casa de chá. Quando algumas pessoas estão contando histórias de fantasmas sobre cachoeiras uma as outras, ele repete sua própria história. Posteriormente ele adormece e não acorda mais.    


Na cidade de Hanawa, prefeitura de Fukushima, uma história semelhante é contada sobre um lugar chamado Cachoeira Maeda. Neste lugar o "tigre de água" (Suiko, um nome mais ou menos sinônimo de Kappa) usa um "grande aranha" para anexar um fio no polegar de um homem, que acaba cortando o fio, e o prendendo em uma raiz de uma árvore soba.

A assombração Jorōgumo é um tema corriqueiro da literatura fantasmagórica durante o período Edo. 

Em Tonoi-gusa, um jovem samurai abriga-se em um antigo santuário Xintoísta para passar a noite. No templo ele encontra uma mulher estranha e o seu filho, na qual ela insiste que seja filho do samurai. O homem passa os dedos na bainha da espada, pensando ser um truque de alguns bakemono, mas ele hesita até a mulher aproximar-se dele. Quando ele acerta a mulher estranha ela foge para o teto de um das torres do santuário. Pela manhã, o homem inspeciona o teto e encontra o corpo de uma enorme aranha Jorogumo, ele percebe que a criança é uma pedra gorintō (memorial funerário budista) e se ele tive batido nele sua espada teria quebrado e ficaria inutilizada.   


No Taihei Hyaku Monogatari, um rico proprietário rural, chamado Sonroku constrói uma segunda casa, para acalmar seus nervos e recitar poesias. Um dia, uma mulher velha se aproxima dele, dizendo que sua filha lhe escuta todos os dias e está apaixonada por ele. A velha leva-o para o pátio de uma casa estranha com muitas portas. A bela filha surge e pede para que ele seja seu marido, mas ele se recusa, pois ele está em posição social baixa, comparada aos atributos e anseios da jovem mulher, além de já ter uma esposa. Após insistirem ele foge, na altura em que a casa desaparece ele volta a sua varanda. Quando perguntado, um funcionário afirma que Sonroku estava dormindo o tempo todo. Algum tempo depois percebe-se uma Jorogumo no teto, Sonroku lembra-se de outros sonhos, um deles, a jovem mulher acusa de tentar matar sua mãe, quando na realidade ele tentava conduzir a aranha para fora da varanda. Percebendo que a muitas aranhas no teto e elas penetram em seus sonhos, ele reúne os servos que a descartam em um campo distante, antes que ele seja atormentado por eventos mais estranhos. 

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