quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Gaara Hiden - Capítulo Um (Tradução)

A novela "Gaara Hiden: Ilusão na Tempestade de Areia" (Gaara Hiden: Sajingensō), autoria de Ukyō Kodachi, foi lançada em 04 de Junho de 2015 no Japão. O livro contém 210 páginas.


Os capítulos da novela serão traduzidos para o português a medida do possível. A tradução para o inglês foi realizada por cacatuasulphureacitrinocristata. Você pode ler o primeiro capítulo abaixo. Para ver outras partes do livro acesse aqui.

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Capítulo Um - Sunagakure

Há um ditado que diz que Shinobi são resistentes.

Dizem que é porque eles sobrevivem a situações desfavoráveis.

É um fato.

O homem confia nessa afirmação. Isso ocorre porque o mundo no qual ele veio a existir, não deveria existir como tal.

Areia.

Foi aí que ele nasceu, e o cenário foi com o qual ele se familiarizou intimamente.

Ao meio dia, as temperaturas subiam para mais de 40 graus. E à noite, eles caem para abaixo do nível de congelamento

Um ambiente que rejeita a existência de qualquer ser vivo. Um inferno absoluto que até as bactérias não tiveram o conforto de prosperar, muito menos plantas ou animais.

Esse é o mundo no qual ele vivia. 

Portanto, esse homem pode apenas resistir.

O seu nome é Gaara.

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No canto de um deserto como esse, um único oásis se apega à existência: a Vila de Sunagakure.

O terreno da vila era de um forma estranha, afundado na própria terra. De nada parecia algo natural. Eventualmente, as pessoas começaram a sussurrar as eras lendárias, de deuses como Susanoo e Amaterasu, forjando o terreno com técnicas além do conhecimento mortal.

O centro da vila abrigava o incrivelmente simples Escritório do Kazekage. Gaara, como a maioria dos shinobi, não tinha nenhum interesse em extravagância. Ele pensou que seria suficiente usar roupas que a maioria das pessoas usava e ter móveis que geralmente eram usados.

Era uma manifestação de sua abstinência de luxos. Também era possível que isso tivesse algo a ver com o fato de que, quando jovem, filho do Kazekage anterior, Gaara nunca desejou nada ou não teve nenhum luxo. Ele, no entanto, experimentou a solidão.

"Ahh..."

Gaara soltou um suspiro e olhou para o céu.

A luz do sol da tarde caía suavemente sobre seus cabelos, um tom mais vermelho que castanho, e seu rosto, claro e bonito, como mármore esculpido.

Ele se perguntou quando finalmente seria capaz de usar sua própria vontade e voar livremente para o céu.

Bem, agora ele tinha um oponente para lutar: uma montanha de papéis.

Shinobi se reuniram para lutar contra a Akatsuki que queria tomar o controle do mundo. E a Akatsuki havia sido derrotada, junto com Ootsutsuki Kaguya.

No entanto, sua batalha para salvar o mundo não havia sido encomendada por ninguém.

Obviamente, a maioria dos Daimyou financiou a batalha, uma vez que ela estava tecnicamente ligada à segurança nacional de suas nações. No entanto, o País do Vento mantinha uma política militar limitada em andamento há dez anos, então, eles se recusaram às despesas repentinas da guerra.

Afinal, foi uma batalha entre ninjas apenas. Eles esbravejaram teimosamente.

Como se esse raciocínio fizesse sentido. Em primeiro lugar, não é a proteção que oferecemos a você a única razão pela qual você ainda está vivo?

Os shinobi de Sunagakure ficaram furiosos. Não era razoável eles serem assim.

Eles não estavam pedindo dinheiro para poderem ter luxo, não estavam pedindo ouro.

Hospitais maternidades higienizados para o bem dos bebês e construção de poços de água para que ninguém estivesse em uma situação difícil. Investimento prévio em centros de pesquisa para que eles pudessem acompanhar o avanço da tecnologia. Pensões para shinobi que haviam sido incapacitados por ferimentos sofridos em batalha e pelas famílias que perderam seu provedor na guerra.

Por todas essas coisas, o povo de Sunagakure precisava de dinheiro.

E o trabalho de recuperar esse dinheiro dos Daimyou, bem, era a ocupação de Gaara atualmente.

Esse trabalho não teve nenhuma batalha chamativa de ninjutsu ou aventuras com sangue derramando da carne.

Em vez disso, estava lutando com a papelada, preparando discretamente as bases para realizações futuras e esforços de mediação entediantes entre as grandes potências.

Essas foram as razões por trás do único suspiro de Gaara.

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"Gaara, você está aqui?"

A porta se abriu com um estrondo, e uma jovem kunoichi entrou.

Ela era uma mulher bonita, seu cabelo de uma cor dourada que lembrava a areia do deserto brilhando sob o sol da manhã.

Não havia muitas pessoas na vila que falavam com Gaara, que era, afinal, o Kazekage, de uma maneira tão amigável e familiar. E, de todas as mulheres da vila, apenas essa mulher falava com ele de maneira tão familiar.

Essa mulher era Temari.

"O que aconteceu?" Gaara perguntou, sentindo seus lábios tensos relaxarem um pouco.

Quando a irmã mais velha dele chegou ao escritório sozinha, geralmente não era por causa de algo importante. Se tivesse algo a ver com o trabalho, seu irmão mais velho Kankurou a acompanharia.

"Ha-ha..."

Assim como ele pensava. Temari sentou-se para falar com ele, mas havia um sorriso largo e relaxado se espalhando por seu rosto.

"Não é realmente nada", disse ela, "recebi outra carta de Shikamaru, entende?"

"Entendo."

"Ele diz que está escrevendo tudo no papel, porque ainda não confia na segurança do novo sistema de correio eletrônico", explicou Temari. "É um método bastante estranho e desatualizado, mas ainda assim ele faz isso porque está sendo cuidadoso".

Shikamaru era o noivo de sua irmã mais velha. Ele era um shinobi incrivelmente sutil e astuto que eles conheceram durante os Exames Chuunin de Konoha.

Quando Temari contou a Gaara sobre o relacionamento dela e Shikamaru, ele ficou muito surpreso.

Mas quando Gaara disse a seu irmão Kankurou…

"Hm, era muito óbvio."

"E como isso aconteceu?"

Gaara ficou extremamente preocupado depois dessa conversa e até leu a história de amor "Icha Icha Paradise" para tentar entender os sinais de que ele sentia falta. Mas, no final do dia, ele chegou à conclusão de que aqueles que não entendiam continuariam a não entender.

"Há desenvolvimentos muito rápidos ocorrendo no sistema de criptografia usado no correio eletrônico. Os detalhes estão no arquivo THX-1138 enviado pelo Raikage..."

"Não, não é disso que estou falando."

"...Nós não estávamos falando sobre correio eletrônico?"

"Ahhh..." Temari soltou um suspiro muito exagerado, encolhendo os ombros. "Gaara, eu me pergunto por que, quando se trata de coisas assim, você é tão ruim quanto o Naruto de Konoha."

"Há algo errado com o que eu acabei de dizer?"

"Há sim. Realmente há." O leque de Temari estava sendo apontado para ele. "Quando uma mulher está falando sobre coisas assim, ela espera que você ouça o que ela está dizendo sobre o conteúdo da carta. Compreendeu?"

"Existe algum tipo de emergência?"

"Não, é por isso que estou lhe dizendo..." Temari deu um sorriso tenso e parecia ter desistido de explicar em detalhes. "É a cerimônia, a cerimônia. A data prevista para a cerimônia.

"Ahh..."

A data da cerimônia de casamento foi, de fato, um dos problemas não resolvidos de Gaara, fixados em um quadro de cortiça dentro de sua mente.

Temari era a irmã do Kazekage e, de maneira semelhante, seu futuro marido Nara Shikamaru era uma figura de autoridade na Vila de Konoha.

Assim, quando se tratava da cerimônia, a política estava imediatamente envolvida. Os detalhes da cerimônia não puderam ser decididos apenas com as intenções do casal. Se um erro de julgamento fosse cometido, centenas de shinobi poderiam morrer.

Desde os tempos antigos, o relacionamento de Konohagakure e Sunagakure sempre foi muito profundo.

No começo, no momento em que os Cinco Kage surgiram, Sunagakure só poderia sobreviver porque Konohagakure lhes dera um terreno fértil em um acordo secreto entre eles.

Depois disso, pode-se notar que a Vila de Sunagakure, no sul, tinha como alvo os lotes de terra muito mais abundantes, de propriedade da Vila de Konohagakure, no norte.

Mesmo quando Gaara e Temari conheceram Naruto e Shikamaru de Konoha, eles estavam presos dentro de um redemoinho de esquemas e táticas.

Mas, se você colocar assim, dava a impressão de que Suna sempre fora o agressor injustificado e solitário. No entanto, o mundo shinobi não era um lugar tão simples.

A verdade é que o lado de Konohagakure havia realizado inúmeros esquemas para desestabilizar Sunagakure também. Por muitos anos, as duas aldeias mantiveram a aparência de nações aliadas do lado de fora, enquanto a tensão era espessa e feroz por baixo.

Foi justamente por causa dessa longa história que houve um significado político tão grande no fato de Temari, a filha do Kazekage anterior, agora se casar com o Clã Nara de Konoha. Era uma indicação de que as duas aldeias não pretendiam ser aliadas apenas no papel, mas ter um genuína calmaria.

Gaara disse: "Seria bom se o lado de Konoha aceitasse os nossos termos propostos para a data da cerimônia."

"Você está sendo insensível." Temari respondeu: "Quanto você acha que Shikamaru e eu estamos destruindo nossos cérebros por causa disso?"

"Seria bom se as equipes de segurança de ambas as aldeias as aceitassem também."

"Você está fazendo doce. Apenas seja honesto e diga que está com ciúmes." Disse Temari, inclinando-se e beliscando as bochechas de Gaara.

No passado, Gaara a teria matado por fazer isso. Agora, no entanto, ele não sentia a menor inclinação para fazê-lo.

Pelo contrário, o oposto. Surpreendentemente, ele pensou que ter suas bochechas beliscadas por sua irmã mais velha não era tão ruim.

No mesmo assunto, Gaara ainda não conseguia entender como esse relacionamento de 'família' diferia do relacionamento entre 'homem e mulher'.

Tudo o que ele sabia sobre esse assunto era isso: quando Gaara viu Temari sorrindo tanto, parecia que suas bochechas quebrariam, ou quando vislumbrou o sorriso maravilhoso, que seu amigo íntimo Uzumaki Naruto, lançou para Hyuuga Hinata, esse pensamento passou por sua mente:

Definitivamente há algo diferente nisso.

A mãe de Gaara morreu logo após dar à luz ao jinchuuriki.

Seu pai nunca se casou novamente.

Pensando consigo, Gaara pensou que talvez seu pai tivesse feito isso para permanecer fiel à sua mãe.

"De qualquer forma, se a Vila de Konohagakure aceitar, tudo ficará bem." Gaara disse, levantando-se.

"Aonde você vai?"

"Os Anciãos pediram uma reunião comigo sobre outro assunto. Se eu aparecer antes que eles me liguem, isso os deixará de bom humor."

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"RUGOOOOOOOOOOOOOO!"

Um turbilhão de areia estava girando e movimentando os arredores, e no meio da tempestade de areia, a forma de um humano grande estava se formando.

É enorme! Kankurou pensou. Embora fosse obra de seu inimigo, ele não pôde deixar de ser dominado pela admiração do que estava vendo.

O corpo transformado tinha que ter dez... não, vinte metros de altura. O tamanho de um pequeno prédio.

Apenas um animal convocado seria tão grande assim, pois era incrivelmente raro um shinobi ser capaz de se transformar em algo tão gigantesco.

É diferente da Técnica do Tamanho Múltiplo (Baika no Jutsu) do Clã Akimichi...! Kankurou pensou enquanto observava. Eu acho que isso é obra de algum nukenin (ninja fugitivo) Rank-A do Bingo Book!

"Kankurou-sama! Eu vou lidar com isso sozinho!"

"!"

Um dos subordinados de Kankurou, Amagi, saltou para o campo.

"O inimigo ainda não fez um movimento!" Kankurou vociferou: "É muito cedo para atacar!"

"Senhor, se esperarmos, estará dando tempo ao inimigo para reunir forças para um ataque!"

Amagi ainda era jovem.

Ele havia sido aprovado no Exame Chuunin aos 13 anos e estava sob a supervisão direta de Kankurou desde os 15 anos. Era uma geração que não havia experimentado a batalha com Kaguya. Amagi era um garoto de feições andróginas, com seus cabelos angélicas castanhos, às vezes o confundiam com uma garota.

"Estou indo!", Gritou Amagi, e dez... não, vinte kozura* voaram de suas mangas em direção ao inimigo. No mesmo instante, o próprio Amagi também jogou um punhado de adagas.

Foi um show de habilidade muito artístico de Amagi, mas mesmo o jounin Kankurou teria a capacidade de criar um intervalo que o permitiria desviar de uma enxurrada de pequenas armas afiadas em um instante.

"UOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!" O gigante moveu o braço para afastar os projéteis irritantes.

Mas, era isso que Amagi estava esperando.

"Eu peguei você!" Amagi gritou, e de repente, o kozura que ele jogou se juntou como cintas de prata. Eles mudaram de curso no ar, desviando do braço do gigante e indo direto para o coração, avançando como uma chuva de meteoros.

Ah, então ele usou cordas de chakra. Pensou Kankurou.

Era uma especialidade dos shinobi de Sunagakura usar o chakra que os shinobi possuíam e transformá-los em cordas que podiam controlar marionetes. Usar cordas de chakra para controlar as direções do kozura, como um dispositivo de retorno, foi uma técnica original inventada por Amagi.

Mas, como eu disse. Ele ainda é jovem.

"RUOOOOOOO!" O gigante rugiu, reunindo todas as suas forças.

"!"

Amagi percebeu que algo incomum estava prestes a acontecer e se apressou em retirar o kozura do curso.

Mas ele estava um segundo... não, meio segundo atrasado.

Foi um raio.

Um raio saiu do corpo do gigante e atingiu a área onde Kankurou e os outros shinobi estavam reunidos.

"Amagi!" Kankurou gritou.

Ele e os outros shinobi estavam bem. Eles só perderam o equilíbrio com o impacto do trovão.

Mas Amagi não estava. Ele ainda estava conectado aos fios de seu kozura e recebeu todo o impacto do choque elétrico dos raios.

Amagi desabou como um fantoche cujas cordas foram cortadas.

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"Ah..."

As pessoas dizem que, no momento em que você morre, você vê lanternas brilhantes rodopiando.

Amagi imaginou que sua própria morte estaria sob circunstâncias mais heroicas... mas a realidade não tinha sido assim.

Ele sobreviveu a inúmeras batalhas após sua primeira luta. Quem pensou que ele seria derrubado por seu próprio jutsu? Ele certamente não tinha, e tinha sido sua ruína.

Eu vou morrer assim? O pensamento jogou Amagi no caos. Ainda não fiz... ainda não fiz nada...

Ele podia sentir sua consciência desaparecendo, caindo em um abismo escuro.

"Ei." Disse alguém. Ele estava o segurando, mantendo um braço quente em torno de Amagi.

"Ah...?"

Por um momento, Amagi pensou que a pessoa que o segurava poderia ser seu pai ou sua mãe.

Não havia nada para se envergonhar. Era um sentimento natural que todos no campo de batalha teriam.

"Então você está vivo, hein."

Foi Kankurou. Havia maquiagem kabuki vermelha em seu rosto, como sempre, e seus olhos gentis estavam olhando para Amagi.

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"É basicamente uma técnica de Jiton: Raijinga (Liberação de Magnetismo: Técnica do Deus do Relâmpago)." Kankurou disse para Amagi. Ele colocou o jovem shinobi sob o abrigo de uma pedra relativamente segura. "Como o nome sugere, você usa seus poderes eletromagnéticos para absorver a massa ao seu redor, expandindo a escala do seu corpo e assumindo a forma de um gigante. Em suma, é um jutsu que cria uma enorme forma humana de areia de ferro."

Kankurou sabia que Amagi já tinha ouvido essa explicação na instrução, mas ele estava explicando mais uma vez para ajudar Amagi a voltar a si.

Shinobi eram pessoas especiais que constantemente se colocavam no campo de batalha e recebiam vários tipos de treinamento. Não importa quanto sangue tenha sido derramado, não importa o quanto eles temam a morte, se eles ouvirem os detalhes de sua missão mais uma vez, eles instintivamente começarão a se acalmar.

Kankurou não sabia se esse comportamento era uma bênção do ser humano ou não.

Tudo o que ele sabia era que agora, ele não queria que o jovem subordinado na frente de seus olhos morresse com medo. Ele aplicou primeiros socorros parando o sangramento.

"Ele usa a Liberação de Relâmpago para expandir seu tamanho, mas quando se trata de seu poder eletromagnético, é um assunto diferente." Kankurou continuou. "A caminhada do gigante cria um efeito piezoelétrico onde o grafite subterrâneo é esmagado e a descarga elétrica é criada. Então, ele pega essa energia do mundo natural em torno dele e usa isso em vez de ser limitado por suas próprias reservas."

"...me desculpe." Amagi murmurou, agarrando-se firmemente à mão de Kankurou.

Parecia que sua mente ainda estava um pouco confusa, mas Kankurou entendeu por que ele estava se desculpando.

Os pensamentos de Amagi provavelmente estavam dispersos: Eu fiquei no caminho do jounin que admiro. Qualquer um teria esse tipo de pensamento. Especialmente quando esta foi a primeira missão Rank-A que Amagi já havia experimentado.

Bem, eu acho que a única pessoa que permaneceu inabalável depois de seu primeira missão Rank-A é Gaara. Os pensamentos de Kankurou se desviaram para seu irmão blasé.

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A primeira Rank-A de Gaara, em outras palavras, a primeira missão que o colocou contra outros shinobi Jounin, tinha sido quando ele tinha doze anos.

A missão de Rank-A não demorou muito tempo após o término dos Exames de Chuunin de Konoha e, junto com isso, o fim da trama de Orochimaru, Esmagamento de Konoha.

Honestamente, considerando que havia um dos Lendários Sannin, assim como vários usuários de kekkei genkai**, e todos estavam envolvidos no Esmagamento de Konoha, ela definitivamente se qualificou como uma missão Rank-A por si só.

Mas, dito isso, na época Kankurou e os outros sentiram que as palavras 'Missão Rank-A' se aplicariam a uma missão com certas qualidades aspiradas.

Naquela época, Kankurou tinha quatorze anos e sua irmã mais velha Temari, quinze.

Pensando no incidente em Konoha, Kankurou sentiu-se terrivelmente nostálgico. Naquele momento, no meio da luta, eles conheceram uma pessoa que era como um sol.

Uzumaki Naruto.

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"Kankurou-sama, está chegando!"

A voz de um genin tirou Kankurou de sua lembrança.

"Ok, vamos sair em breve." Ele disse para Amagi. "Desta vez, vamos agir de acordo com o plano, está bem?"

"...Sim." Amagi estava cooperativo agora. Depois de pensar que ele poderia morrer no meio dessa terrível missão, o menino prodígio conseguiu recuperar suas forças.

O gigante coletor de raios deu um grande passo em direção a eles, e Kankurou saltou deliberadamente no caminho do inimigo.

Em uma luta shinobi contra shinobi, pular e se expor é, de oito ou nove vezes em dez, uma tentativa de atrair o inimigo em sua direção e mirar em seus pontos fracos.

Bem, pessoas como Gaara e Uzumaki Naruto eram exceções à regra, mas exceções eram exceções.

Nesse caso, Kankurou estava saindo para atrair o gigante em sua direção, e o inimigo deles naturalmente sabia disso também.

Mas, o gigante ainda se virou para Kankurou de qualquer maneira. Cada passo ecoava com um grande baque.

Parecia que o inimigo deles se sentia extremamente confiante em relação ao Raijinga.

Isso parece familiar. Pensou Kankurou. Ele estava sendo lembrado de seu irmão mais novo, Gaara.

Areia e eletroímãs podem parecer diferentes, mas no final eles usaram um jutsu de 'defesa absoluta'.

Eles protegeram seu corpo com uma armadura invencível e, simultaneamente, usaram essa armadura como arma contra os outros. Se havia alguma diferença, era como Gaara não usava seu jutsu de maneira tão chamativa e vistosa para se transformar em um gigante imponente.

Mas ser do tamanho de um gigante tinha suas vantagens além das aparências.

Ele é rápido!

Num piscar de olhos, o gigante já havia se aproximado de Kankurou.

As pessoas geralmente esperam que coisas grandes andem devagar.

Seja baleias ou dirigíveis, ou monstros como o Dez Caudas, coisas enormes parecem estar se movendo lentamente.

Mas isso foi apenas uma ilusão de ótica.

Quando o único passo de uma criatura percorria uma grande distância, ela era rápida. Era algo que seria facilmente entendido se alguém pensasse em um pai e um filho competindo um contra o outro.

Coisas grandes são rápidas.

Pensar que seres pequenos poderiam desviar de seres grandes não passa de uma ilusão.

O gigante casualmente levantou o pé sobre Kankurou. Apenas a parte de baixo de um pé era maior que o telhado de uma casa pequena. Se alguém pisar em você, você será esmagado em pedaços.

Tak, tak, tak.

Kankurou conseguiu sair do caminho três vezes seguidas quando o gigante tentou pisar nele.

Mas, pela quarta vez, Kankurou não saltou. Ele pulou.

Ele pula apontando para o joelho do gigante, com a intenção de subir todo o caminho até o rosto.

Qualquer shinobi da classe jounin poderia pular tanto sobre andaimes quanto galhos frondosos das árvores. As pernas do gigante não tinham pontos de apoio ideais para Kankurou saltar.

Mas o Raijinga não foi o único jutsu do gigante.

Kankurou-sama! Amagi não podia gritar tão alto, mas seu grito horrorizado soou dentro de sua cabeça.

No instante em que Kankurou tocou a superfície do joelho do gigante, o campo eletromagnético, que era a força motriz por trás do movimento do gigante, afetou Kankurou também, e todo o seu corpo literalmente se espalhou em pedaços.

O gigante riu.

Cada parte do seu corpo era uma arma a ser usada contra os outros. Essa era sua defesa absoluta, ou melhor, a estratégia ofensiva de sua defesa absoluta. Qualquer pessoa que o atacasse seria destruída em pedacinhos no instante em que o tocasse.

O gigante provavelmente nunca provou o fracasso em sua vida.

E foi por isso que Kankurou riu.

"!"

Kankurou não saiu imediatamente. Sua existência continuava escondida, parcialmente revelada pelo som de escárnio.

Quanto ao 'Kankurou', que havia se despedaçado, seus restos se transformaram em inúmeros estilhaços afiados que voaram de volta para perfurar o corpo do gigante, um som agudo ecoou quando a areia do corpo do gigante foi atingido.

O lugar no chão onde Kankurou deveria ter caído havia apenas sua capa preta.

Foi um truque bastante simples.

O 'Kankurou' que aparentemente pulou até o joelho do gigante tinha sido, de fato, a marionete que Kankurou carregava nas costas. Ele trocou de lugar com o fantoche no último minuto, mergulhando no subsolo enquanto o enviava ao encontro do gigante.

O truque em si era bastante simples, mas a cronometragem e a exploração impecáveis ​​dos pontos fracos psicológicos de um humano devia a originalidade de Kankurou. Não era de surpreender que o inexperiente Amagi também tivesse sido enganado.

Amagi, e o gigante também. O gigante não pôde observar os acontecimentos a seus pés com muita diligência. Era um ponto fraco seus olhos estarem tão altos.

"GAUUUUUUUUUUUUUUGHHHHHHH!" O gigante gritou enquanto se contorcia de dor.

Pelo que Amagi podia ver, o gigante estava enviando inutilmente ondas eletromagnéticas através dos fios da marionete. Bem, isso era de se esperar. Vendo que ele estava contorcendo-se, o gigante estava com uma dor insuportável.

"Ele não está apenas sofrendo de ser atacado pelos fragmentos." Kankurou falou enquanto observava o espetáculo.

Houve um olhar extremamente satisfeito no rosto de Kankurou. Era a expressão que um artista teria depois de conseguir um truque de mágica na frente de um grande público.

Ele estava falando sobre o Sistema de Circulação do Chakra do gigante.

A pedra angular do ninjutsu era o Sistema de Circulação do Chakra que transportava a energia do ser vivo, ou chakra, através da circulação. Kankurou tinha inequivocamente lançado suas próprias cordas carregadas de chakra para o gigante em seu ataque.

Ele tinha, em poucas palavras, transformado o gigante em uma espécie de 'marionete viva'.

Claro, Kankurou não tinha um jutsu como o byakugan que o deixava ver perfeitamente as circulações do chakra de seus oponentes. Mas, se você estudou o assunto com diligência, você poderia facilmente usar seu chakra para invadir a Circulação do Chakra de seu oponente, criando assim uma contracorrente de chakra e perturbando seu jutsu.

Incapaz de manter seu Raijiga, o gigante caiu de joelhos.

Se ele fosse um shinobi experiente, ele seria capaz de se levantar depois de alguns segundos.

Seu oponente definitivamente era um shinobi experiente, mas um desafortunado.

No segundo em que ele caiu, Kankurou enviou três chuunin até ele e o gigante... ou melhor, o shinobi que costumava ser um gigante, ele foi instantaneamente capturado.

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"Kajuura do Raijinga, jounin terrorista da Vila de Ishigakure, você está preso." Disse Kankurou, menos de um segundo depois, a boca e as mãos do fugitivo Kajuura estavam cobertas de algemas.

Não foi dito, mas as algemas estavam lá para impedir que o criminoso tentasse o suicídio.

"Nós não vamos matá-lo, senhor?" Perguntou Amagi. Ele tinha uma expressão irritada em seu rosto. "Ele matou todos os seus três alunos. E no processo, dez cidadãos."

"É isso mesmo?" Kankurou perguntou.

Kankurou estava muito além do estágio em que se sentia emocionalmente sobrecarregado com esse número de mortes.

Na guerra, dezenas e centenas de outros shinobi haviam morrido.

"Você quer matá-lo?" Ele perguntou a Amagi.

"Sim."

"Tudo bem então, você pode matá-lo." Disse Kankurou, colocando uma kunai na mão de Amagi. "Mas, você só pode matá-lo se puder garantir que você será capaz de trazer de volta os genin e os cidadãos que ele assassinou. Que tal isso? Você pode fazer?"

"Isso é..."

"Se você não pode fazer isso, depois de matá-lo, você será morto também. Como ficam as relações com a vila deste desgraçado se você matá-lo, um shinobi morto não carrega as técnicas secretas que as pessoas querem que sejam devolvidas. Um shinobi morto é apenas um pedaço inútil de carne. Eu não preciso de um subordinado que tenha um pensamento sem sentido como este."

"...Eu não vou fazer isso", disse Amagi.

"Entendo."

Amagi deu uma boa resposta. Se ele conseguisse sobreviver a mais algumas batalhas, ele se tornaria um bom shinobi.

"Amagi", disse Kankurou. "Quando a isso, eu quero matá-lo também."

"...Capitão."

"Ele é um terrorista de aluguel, e mesmo que estejamos olhando apenas o número de vítimas que conhecemos, ele matou mais de cem meninas. É claro que ninguém quer deixá-lo vivo." Kankurou estava olhando para o prisioneiro enquanto falava. Os olhos de Kajuura estavam vendados também, apenas no caso dele poder usar algum doujutsu. "Mas, se nós o matarmos por ódio, não seremos diferentes dele. Não podemos ser como esse cara."

"Shinobi são aqueles que sofrem..." Amagi murmurou.

"Exatamente." Kankurou disse, e deu um largo sorriso. "Tudo bem, vamos para casa! Vocês completaram com segurança uma missão Rank-A hoje. É algo para comemorar! Eu vou levar vocês para comer cordeiro assado!"

"OOOOO!" Todos os jovens shinobi soltaram um grito de alegria.

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"...Agora vou mencionar os resultados da captura de Kajuura, que foi realizado há três dias. O interrogatório de Kajuura revelou a existência de uma organização maior por trás dele. Nossa intenção é realizar uma prisão em massa em alguns dias. A questão da custódia de Kajuura, depois desse evento, será discutida entre os Cinco Kage." Gaara terminou de ler o longo relatório para os velhos Conselheiros alinhados a sua frente.

O líder da Vila de Sunagakure pode ser Gaara, mas as poderosas influências vinham de shinobi mais velhos que se afastavam das linhas de frente.

Eles eram um grupo de representantes de várias tribos que organizavam a vila, e Gaara não conseguia tomar uma decisão sem primeiro passar por eles. As reuniões semanais que eles tinham sobre relatórios eram, na realidade, ocasiões para Gaara e os Conselheiros chegarem a entendimentos mútuos sobre assuntos.

"Hm." Um dos anciãos falou. "Como esperado do Kazekage. Nenhum de nós tem nada que nos preocupa."

Enquanto ele dizia isso, a fileira de rostos enrugados assentiu em uníssono.

"Ah, e agora que você mencionou..." Ebizou, o chefe dos Conselheiros, deu a Gaara um largo sorriso, ele estava sentado na frente de Gaara.

'As coisas estavam indo bem demais.' É provavelmente o que o amigo de Gaara, Uzumaki Naruto teria dito. Ele provavelmente colocaria a língua para fora também.

Mas Gaara não podia dizer coisas assim.

Ele apenas pensou 'como eu esperava' e deixou um pequeno sulco aparecer entre suas sobrancelhas.

"A partir de agora, isso será apenas uma conversa amigável com alguns vovôs e vovós." Ebizou continuou: "Tudo bem, Kazekage?"

"Sim."

'Conversa amigável' não coloco fé.

A partir de agora, os conselheiros discutiriam a verdadeira razão por trás da sessão de relatório.

Todo incidente que Gaara havia relatado até esse momento já era conhecido pelos conselheiros. A informação dele era apenas para iniciar a reunião, uma cerimonial vazia.

O fato deles estarem prestes a pedir um favor 'pessoal' ao Kazekage era apenas mais uma amostra de como os Conselheiros eram o verdadeiro poder em Sunagakure.

Foi absolutamente ridículo.

Às vezes, era algo sobre como o neto genin de alguém estava tendo azar nas missões, e ele poderia conversar com o chuunin em comando?

Ou, outras vezes, seria sobre a areia que se acumula nas estradas dificultando as coisas, e se você não pode nos fazer um favor e conversar com os Daimyou sobre isso?

Nesses casos, eles estavam falando como pessoas influentes na vila.

Esses casos eram suportáveis.

Foi quando eles começaram a falar como shinobi que a situação ficou difícil.

Por exemplo, 'Meu jutsu precisa desesperadamente de um cacto que só aparece a cada mil anos, mas não temos nenhum. Dizem que existem algumas lojas de medicamentos no País de Neve que os possuem, envie alguns jovens para pegá-los para mim, sim?'

Por exemplo, 'Alguns shinobi de Amegakure nos roubaram um pergaminho secreto. Não queremos dar muita confusão. Kazekage, salve a nossa pele e lide com a situação a portas fechadas.'

Por exemplo, 'Diga que você está expandindo o orçamento para os ninjas médicos e de uma posição especial para alguns usuários de venenos da minha tribo.'

Tudo o que os conselheiros pediram a Gaara sempre teve a ver com negócios sujos ou favores pessoais sem sentido.

Gaara costumava ouvir atentamente quando ele se tornará Kazekage, mas ultimamente ele aprendeu a desviar ou ignorar os pedidos deles.

Se ele apenas ouvisse tudo o que eles diziam, sua posição como Kazekage, bem como, a posição entre as Cinco Grandes Aldeias Shinobi poderiam desaparecer.

Eu me pergunto o que vem por aí... Pensou Gaara, enchendo seu umbigo de chakra.

Isso não era brincadeira.

Os shinobi experientes foram capazes de carregar chakra em suas vozes e instantaneamente tomar o controle sobre as pessoas. Havia pessoas que poderiam usar as habilidades de hipnose instantânea ou paralisia, mesmo em reuniões simples como essa. Para os shinobi, uma reunião não era diferente de um campo de batalha.

"Agora, Gaara."

"Sim?"

"Você cresceu constantemente e atingiu a idade de vinte anos, não é?"

"Sim..."

"Você cresceu rapidamente." Toujuurou disse de onde estava sentado ao lado de Ebizou: "Como era de se esperar de uma criança jinchuuriki, um gênio shinobi chamado Gaara do Deserto...!"

Toojuurou deu uma grande risada.

A saúde de Ebizou estava enfraquecendo ultimamente, e Toojuurou estava sendo encarado como seu sucessor, o Número Dois dos Conselheiros de Sunagakure. Fazia vários anos desde que ele parou de trabalhar como um shinobi ativo e, como seria de esperar, seus músculos enfraqueceram e seus cabelos eram brancos e calvos. Mas, seu poder de discernimento não havia enfraquecido. O homem era como uma pedra.

"Durante o 'Esmagamento de Konoha', esse seu gênio foi cortado em pedaços e jogado ao vento, não foi? Ahahaha, acho que até os macacos podem cair das árvores."

"Esse final foi muito embaraçoso."

No passado, Gaara provavelmente os mataria por reflexo, mas seu eu atual não tinha intenção de fazer isso.

Gaara sabia que o mundo de uma pessoa era construído com trocas de fala assim, e era justamente porque ele não matava todas as pessoas que ele encontrava que o mundo atual que sua mãe e Naruto amavam existia.

Por esse motivo, Gaara foi capaz de abaixar a cabeça em desculpas.

Os Anciãos estão demorando muito tempo com sua introdução... o que eles querem dizer?

Os olhares em seus rostos não pareciam ter queixas sobre o trabalho dele.

Em vez disso, a atmosfera ao redor dos idosos era muito relaxada. A atmosfera estava calma. Muito provavelmente, o tópico que eles abordariam era algo para o qual eles já haviam estabelecido as bases, algo sobre o qual ninguém discordava.

"Vinte é uma idade muito boa."

"Entendo."

"E é por isso, Gaara..." Ebizou balançou a cabeça e sorriu amplamente. O sorriso era como o de uma criança. "Arrume uma esposa."

"Hm... hein?"

Minha voz parece idiota. Gaara pensou consigo mesmo.

Ele sentiu como se tivesse sido atacado de um ponto cego. Ele tinha um ponto cego fora de sua consciência.

Uma pessoa não era capaz de vigiar 360 graus em todas as direções, mas ainda seria capaz de dizer se, digamos, um amigo estava se aproximando de fora do seu campo de visão ou se um gato de estimação estava brincando nos seus próprios pés .

Isso ocorreu porque a consciência de uma pessoa foi capaz de alcançar seus arredores e 'ver' o que era 'invisível'.

Shinobi forjaram e melhoram essa consciência, usando até a intuição deles, até que foram capazes de sentir todo o ambiente ao redor com todos os seis sentidos. Ainda ter algo que você não foi capaz de sentir, apesar de a consciência não ser capaz de imaginar o que procurar.

Se você não conseguia nem imaginar, definitivamente não conseguia vê-lo e senti-lo.

Era um ponto cego em todos os significados da palavra. E Gaara havia sido pego completamente despreparado.

Se Ebizou fosse um usuário de genjutsu, Gaara poderia ter morrido em batalha.

Suor frio escorria pelas costas de Gaara. Uma pessoa comum tremia, mas Gaara era um shinobi completo.

Ainda não treinei o suficiente.

"Com todo o respeito", disse Gaara, "Por que eu?"

"Você não sabe?"

"...isso tem haver com a minha irmã Temari?"

"Sim". Ebizou assentiu. "Escute bem. Nosso Kazekage anterior teve três filhos. Temari, Kankurou e você, Gaara. Você, que carregava o poder de um jinchuuriki, tornou-se Kazekage. Suponho que você entenda a grande importância dessa linhagem."

"Sim..."

A maior parte do mundo shinobi foi construída sobre herança.

Obviamente, isso não significava que os shinobi nunca foram sucedidos por pessoas de outro clã que mostravam talento. Por exemplo, o Clã Sarutobi que detinha uma autoridade tão alta na Vila de Konohagakure nunca teve outro membro do clã como Hokage além do Terceiro.

Mas uma grande parte dos jutsu usados pelos shinobi foi herdada e, além disso, mantida dentro do clã como uma garantia de preservar sua prosperidade. E para isso, era preciso relações de sangue.

"É claro que, se é apenas para preservar a existência do nome da casa, até mesmo um filho ou genro adotado o faria. Mas, no final, se não for uma sucessão de sangue, as pessoas não a aceitarão."

"As raízes de Sunagakure estão em suas tribos. E as tribos valorizam os laços de sangue."

"..."

Gaara não tinha nada que ele pudesse usar para responder às palavras dos anciões.

Se ele fosse descuidado, eles o atacariam imediatamente com réplicas. Ele podia ver isso, e é por isso que ele estava ouvindo silenciosamente. Como um neto obediente.

"Agora chegamos ao ponto principal. Temari está se casando com o Clã Nara de Konohagakure... tudo bem. Nós também consideramos aceitável."

"No entanto", uma das mais velhas, Ikanago, bateu o leque contra o joelho. "Digamos que, no futuro, um infortúnio tenha acontecido com você e Kankurou. Digamos que Temari e Nara Shikamaru tiveram um filho na época. Nesse caso... essa criança se tornaria a única linhagem remanescente do Kazekage."

"Eu entendo o que você está tentando dizer." Gaara disse, "Nesse caso, você sentiria a necessidade de aproximar-se da criança e trazê-la de volta para cá para proteger a linhagem de Kazekage. Não é verdade? "

Que palavras nojentas eu tenho que forçar para fora da minha boca. Gaara pensou.

Embora ele próprio tivesse sido amaldiçoado pelos seus pais e usado como uma ferramenta, aqui estava ele falando do filho que sua irmã que ainda não havia dado à luz e, em vez de parabenizá-la, eles estavam falando em usar a criança como outra ferramenta política.

A sede de poder político pode ser grande e poderosa, mas também é um lugar frio e desolado.

"Mas, se isso acontecesse", Gaara continuou, "Então, o Clã Nara teria relações paternas com o Kazekage. Naturalmente, Konohagakure ficaria profundamente entrelaçado com os assuntos de Sunagakure... E esse é o resultado que cada um de vocês teme. É isso, não é?"

"Exatamente."

"Mas, se eu me casasse primeiro, a tradição de casar o mais velho primeiro do que o mais novo seria perturbada. Em primeiro, você deve procurar casar meu irmão mais velho, Kankurou."

Gaara disse isso, mas ele não estava particularmente interessado em levar esse assunto problemático para seu irmão mais velho. Kankurou tinha uma língua solta que Gaara não tinha. Quem conseguiu sair com os shinobi mais jovens e ouvir seus problemas era Kankurou, não Gaara.

Gaara queria poder fazer essas coisas também, mas sempre que tentava, as coisas não davam certo. Os outros shinobi respeitavam muito Gaara, mas não queriam incomodá-lo.

"Claro que você não é Kankurou. Gaara, você é você. Eu também não sou Kankuorou, você sabe." Naruto havia dito isso em algum momento no passado, rindo. "Tipo, existem amigos com quem você sai e se diverte, mas também há amigos que o apoiam em tempos difíceis, do tipo pelo qual você é realmente grato. Gaara, se você me perguntar qual é o seu tipo, é definitivamente o segundo tipo."

Essas palavras podem ter sido apenas parte de uma conversa cotidiana para Naruto, mas para Gaara, elas eram como uma salvação.

Acima de tudo, Naruto pensou em Gaara como um amigo, e o fato de ele ter dito essas palavras sem qualquer hesitação o deixou extremamente feliz.

Mas Kankurou tinha mais popularidade, e Kankurou parecia a melhor opção aqui. Gaara pensou nisso como um shinobi, com a cabeça fria.

"Nós pensamos assim também. No entanto, Kankurou recusou."

"...Oh." Respondeu Gaara após uma pausa. Ele havia percebido abruptamente que Kankurou tinha empurrado o assunto problemático para ele.

Não importa como você olhasse para ele, Kankurou era uma pessoa muito instável. Mesmo que ele tivesse o mesmo semblante de Gaara, Kankurou ainda teve todo o trabalho de escondê-lo sob a maquiagem.

Kankurou era o tipo de homem que odiava estar preso a qualquer coisa. Quando Gaara e Toujuurou indicaram Kankurou como chefe da divisão antiterrorismo, eles tiveram muita dificuldade em fazê-lo aceitar.

"Ele disse que se casar enquanto o Kazekage não tinha esposa seria um sinal de desrespeito e que devemos casar você primeiro. Seu raciocínio era logicamente correto."

"...De fato." Gaara murmurou.

"E isso não é tudo. Vários dos Daimyou têm nos criticados sobre como você ainda é solteiro e sem herdeiro."

"Você vê, Gaara", os olhos amarelados de Ebizou continham o menor brilho de bondade neles. "Não se trata apenas de política ou jinchuuriki. Acabamos fazendo com que você tenha uma vida muito dura. Queremos dar-lhe uma família. Nós queremos que você seja feliz. Sua felicidade seria nossa homenagem àqueles que já passaram."

"..."

Gaara não tinha mais nenhum sentimento ruim pelo seu falecido pai.

Esses velhos sentimentos foram lavados pelo segundo encontro promovido pelo Edo Tensei. Ele descobriu que, mesmo que fosse por pouco tempo, ele nascera neste mundo amado por alguém.

"Então é assim que é, Gaara. Todo mundo na vila...  não, provavelmente até seus amigos de outras aldeias também, todo mundo quer isso para você."

"Sua parceira já foi escolhida. Ela é uma garota legal."

"De fato, de fato ela é."

Eles até tiraram uma fotografia.

Já estava claro que isso não era algo de que ele pudesse fugir.

Chutar e gritar diante da morte era um comportamento desagradável inadequado para um shinobi.

Um shinobi teve que enfrentar a morte e continuar pensando em como ele iria viver.

"...eu entendo." Disse Gaara, inclinando sua cabeça. Suor frio escorria por sua testa sem que ele percebesse.

Esta era apenas outra missão, com um modus operandi diferente.

"Aceito respeitosamente uma reunião sobre o casamento", disse Gaara. "Eu ficaria satisfeito se você escolhesse uma data e entrasse em contato com a outra parte."

Ele se esforçou ao máximo para dizer essas palavras.

Nota* - kozura são como facas presas a bainhas de espada.
Nota** - kekkei genkai (limite de linhagem sanguínea) é uma técnica limitada a herança sanguínea.

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