sábado, 7 de setembro de 2019

Gaara Hiden - Capítulo Quatro (Tradução)

A novela "Gaara Hiden: Ilusão na Tempestade de Areia" (Gaara Hiden: Sajingensō), autoria de Ukyō Kodachi, foi lançada em 04 de Junho de 2015 no Japão. O livro contém 210 páginas.


Os capítulos da novela serão traduzidos para o português a medida do possível. A tradução para o inglês foi realizada por cacatuasulphureacitrinocristata. Você pode ler o quarto capítulo abaixo. Para ver outras partes do livro acesse aqui.

------------------------------------------------------------------------------
Capítulo Quatro - Tempestade de Areia

Barragens e os corações das pessoas são parecidos em certo ponto.

Depois que um certo limite é ultrapassado, eles rompem.

Mas o homem havia suportado tantas coisas absurdas até agora, e pensou que seria perdoado por seu coração rompido. A mulher pensava assim também.

No entanto... Um shinobi que parou de suportar, não é shinobi.

Então, o que acontece com um shinobi que não é mais um shinobi?

É obvio.

Eles se tornam presas.

------------------------------------------

"Você vai atrás de Hakuto sozinho...?!" Baki não conseguiu conter sua perplexidade e confusão com a declaração de Gaara.

Era porque esse não era um pensamento normal para um líder.

Mas Gaara estava falando resolutamente que era isso que ele ia fazer.

"No mínimo, leve dois de meus subordinados com você." Disse Baki, "Mas pensando nisso de uma perspectiva investigativa, deve haver três nas equipes".

"Isso não vai acontecer." O homem que já fora subordinado de Baki balançou a cabeça sem hesitar. "Se fizermos assim, isso se tornará uma missão. Não teríamos como deixar de fora dos registros públicos."

"...!" Baki finalmente entendeu qual era o objetivo de Gaara.

Se esse caso fosse registrado, seria divulgado ao público.

Obviamente, esse assunto não seria divulgado na televisão ou no rádio.

A questão era que vazaria para o alto escalão de Sunagakure.

Embora ainda não houvesse uma cerimônia oficial de casamento, a jovem do Clã Houki era a mulher que provavelmente se tornaria a esposa do Kazekage. E ele não foi capaz de protegê-la. Isso seria uma grande perda e um motivo para críticas.

Obviamente, Gaara não era o tipo de homem que se importava com sua reputação. O que Gaara estava preocupado era que se a posição de Sunagakure oscilasse, poderia significar um marco no desmoronamento do détente*. Essa era sua única preocupação.

Se você chamou alguém de obcecado pelo poder...

Então diga o que quiser.

Foi o que disse o olhar resoluto nos olhos de Gaara.

Seu rosto parecia o de um homem adulto.

"Eu entendo", disse Baki. "Deixe tudo aqui com nós. Vamos agir como se nada tivesse acontecido. Mas só até de manhã."

"Sim. Trarei Hakuto de volta quando o sol nascer!"

------------------------------------------

"Você está partindo?"

A mulher que estava esperando Gaara na saída do oásis foi quem perguntou.

Ela continuou, "Se for sim, por favor, deixe-me ir também."

Ela olha para o Kazekage com um olhar forte e resoluto por trás das lentes grossas de seus óculos.

"Sou grato por suas intenções, mas..." as palavras de Gaara foram cortadas pelo olhar de Shijima.

"Esta é minha missão para começar". Disse Shijima, "Eu tenho que ir, já que todos os guardas foram incapacitados e eu recebi apenas essa lesão."

Ela mostrou o ferimento ao lado do corpo.

Ela estava falando que os três chuunin do Clã Houki que haviam sido enviados para a guarda de Hakuto desmaiaram sem fazer barulho. Shijima, que não conseguiu manter a consciência por muito tempo, fora envenenada com uma picada e derrotada também.

"Você será um obstáculo." Disse Gaara sem pausa, passando por ela.

Mas Shijima agarrou sua manga com uma determinação de aço.

"O veneno foi retirado sem nenhum dano em em meus órgãos vitais". Disse ela, "Recebi atendimento médico, por isso sou capaz de operar."

"..."

Gaara pretendia se afastar e continuar seu caminho, mas por algum motivo, descobriu que não podia.

Ah entendo.

Ele estava se lembrando de algo.

A voz dos shinobi dispostos a jogar fora seu corpo, enquanto isso, pensava profundamente em um certo alguém.

Ele não conseguia olhar nos olhos de Shijima atrás de suas grossas lentes de vidro, mas suas palavras eram cheias de sinceridade.

"Há uma semelhança", disse Gaara.

"Perdão?"

"Há um shinobi incomum que diz as coisas da mesma maneira que você. Ele é impossível de lidar. O tipo de pessoa que continuaria se movendo mesmo que morresse."

"Eu realmente não entendo do que você está falando."

"...Estou dizendo que mandá-la embora virou um problema." Disse Gaara e soltou um pequeno suspiro.

Mas ele não suspirou porque se sentia desconfortável.

------------------------------------------

"Entendo." O ancião falou quando ouviu o término do relatório. Ele deu um aceno muito satisfeito.

O ancião era Toujuurou.

"Para resumir", disse Toujuurou, "Tudo está indo conforme o planejado."

"Sim senhor."

O shinobi que estava servindo Toujuurou era um dos subordinados de Kankurou, Maizuru.

Toujuurou tomou gostou quando os jovens o bajulam na sua frente. Ainda mais quando era um jovem bonito como Maizuru.

Ele estava com ciúmes.

No passado, ele era um usuário de taijutsu que era chamado de o mais forte em Sunagakure.

E não era apenas o taijutsu em que se destacava.

Seja Liberação do Vento, invocação ou genjutsu, ele estava acima do resto em qualquer campo. Mas mais do que tudo isso, sua agilidade tinha sido sua identidade.

Mas agora ele era velho.

Seus olhos não podiam mais capturar o mundo como ele queria, suas pernas não o deixavam voar e seus dedos não podiam se mover como ele queria.

Mesmo assim, as pessoas ainda o elogiavam como um super-humano, como um herói que ainda era vigoroso na velhice.

Mas eles estão errados.

Não foi assim.

Envelhecer significa deixar o cargo.

Envelhecer significava descer lentamente de sua posição no topo do cume.

Vários shinobi superaram suas antigas habilidades. O que isso significa? Isso significa que, diferentemente do seu eu mais jovem, ele não podia mais ficar no topo. E isso era insuportável.

E foi por isso que Toujuurou se ressentiu com os jovens.

Porque enquanto eles não eram tão habilidosos como ele é agora, um dia, eles o ultrapassariam.

É por isso que vou continuar provando que sou alguém que essa vila precisa.

Toujuurou deu a Maizuru algumas instruções e depois se encostou no sofá, satisfeito.

------------------------------------------

A noite no deserto estava fria.

Isso ocorre porque o deserto não tinha nuvens ou umidade, rios ou oceanos ou florestas, que poderiam servir para conservar o calor emitido pelo brilhante sol durante o dia todo.

Por isso, apesar de o dia estar tão quente, ao ponto de poder fritar um ovo em uma pedra, a noite estava fria o suficiente para lhe causar queimaduras.

Não é que o País do Fogo não possa conquistar o País do Vento. É que não queremos.

O daimyou do País do Fogo costumava falar isso. As palavras não eram irracionais.

Agora, Gaara e Shijima estavam, decididamente, atravessando aquele deserto gelado e frio.

Eles não estavam voando com a areia de Gaara porque ele estava preocupado em serem detectados. Correr também os ajudou a seguir as pegadas do sequestrador com mais precisão, além de ajudar a economizar chakra.

"Olhe para a direita daquela duna de areia. Como esperado, eles estão indo em direção à fronteira com o País de Fogo."

O shinobi que derrotou Hakuto era um deles.

Você poderia afirmar isso pelas pegadas dele.

Seria melhor pensar nele como alguém muito habilidoso. O inimigo não precisou recuperar o fôlego enquanto derrubava Shijima e os outros guardas. Parecia que ele era habilidoso o suficiente para apagar suas pegadas com a Liberação do Vento enquanto corria também.

"Que má sorte que eu estou rastreando ele." Gaara murmurou para si mesmo, mas não por orgulho.

A areia do deserto vivia ao lado de Gaara como uma família. Se não fosse Gaara quem estava rastreando os shinobi, eles teriam escapado, sem que ninguém pudesse rastreá-los através do grande deserto. A técnica usada pelos shinobi para se livrar de suas pegadas era de primeira classe.

Enquanto Gaara caminhava, a areia sob seus pés se mexia com um som farfalhante, e antes que você percebesse, os grãos se afastaram como se fosse música, revelando as pegadas cobertas. A areia não mentiu para Gaara.

"Se ele estiver indo em direção à fronteira, passará pelas terras do Clã Houki", disse Shijima.

"Ah, está certo. Seu povo era do País do Fogo, não era?"

"...Sim." O rosto de Shijima fechou.

"Não se incomode." Disse Gaara, "Não estou querendo repreendê-la. Estou apenas verificando os fatos. Você estará mais familiarizada com o terreno. Existe alguma área à frente onde alguém possa se esconder?"

"Há um lugar que fica a cerca de uma hora no passo de um shinobi. São as ruínas antigas de uma cidade. É um terreno amaldiçoado, nem fugitivos, nem ladrões vão para lá. "

"Entendo."

Havia muitas ruínas de cidades antigas desocupadas no deserto. Uma pessoa se perguntava se aquelas cidades haviam sido construídas há muito tempo, antes que o deserto fosse deserto. Mas não havia detalhes conclusivos. A teoria era que as ruínas haviam sido deixadas desde a época do Sábio dos Seis Caminhos e Kaguya Otsutsuki.

"Tudo bem, vamos fazer uma pausa."

"...Por que, senhor? Deveríamos resgatar Hakuto-sama o quanto antes."

Em sua cabeça, Gaara examinou o arquivo sobre Hakuto que Baki havia lhe dado.

A maioria de suas missões tinha sido infiltração, assassinato e escolta. Como ela estava envolvida nos assuntos internos secretos do Clã Houki, seu arquivo não tinha muitos detalhes, mas...

Ela não tem muita experiência em missões externas.

Gaara encontrou uma duna de areia que parecia boa para descansar, ele estendendo um pedaço de pano, e sentou-se.

"Faça uma pausa." Disse ele. "Sua temperatura corporal caiu mais do que você pensa."

"Mas..."

"Sente-se. Esta é uma ordem do Kazekage."

Gaara não gostava de usar sua autoridade, mas conseguir trazer Hakuto de volta era a coisa mais importante.

"Entendido." Shijima sentou-se lentamente, mantendo-se reservada ao lado de Gaara.

"Vai ser bom para você." Disse Gaara.

Ele pegou um fogareiro e pendurou uma pequena chaleira no fogo. Adicionou água de um cantil, cubos de açúcar, folhas de hortelã e folhas de chá.

Enquanto esperava a chaleira soltar sons agradáveis ​​para mostrar que estava pronta, Gaara olhou para as estrelas.

Ele particularmente era indiferente as estrelas.

As estrelas eram ferramentas indispensáveis ​​para confirmar sua localização no deserto sem a utilização de marcos, bastando olhar para cima e observar sua posição.

É por isso que os shinobi do deserto como Gaara observam constantemente as estrelas.

O céu do País do Vento é uma vastidão sem fim.

Ao nível do solo, havia nuvens de poeira e sujeira no deserto, mas o céu estava claro e limpo. Era porque não havia luzes da cidade ou nuvens para bloquear a vista.

As estrelas eram como grãos de areia capturados pelo céu. Eles eram frias, não emitiam calor para aquecê-los, simplesmente ficavam ali paradas, lindamente, sem sujeira alguma.

Comparado a isso, nós humanos, que continuamos lutando entre si, somos os sujos.

O chá da chaleira fervia.

Gaara derramou o chá em algumas xícaras portáteis, mantendo uma certa altura. Ele estava fazendo isso para garantir que o pó permanecesse no fundo da chaleira. Se ele não derramasse de uma certa altura, o chá teria o sabor de pó. Você deve beber o chá sem o pó das folhas.

"Beba isso." Disse Gaara, "Aquece seu corpo."

"Sim senhor."

Quando ele passou a xícara para ela, os dedos de Gaara roçaram brevemente os de Shijima.

...Elas realmente são parecidas.

As estrelas iluminaram o suficiente para ele ver que, excluindo seus óculos grossos, Shijima parecia muito com a Hakuto.

Elas não são apenas do mesmo clã. Concluiu Gaara, mas não prosseguiu mais do que isso.

Sua própria família era complexa e ele sofreu ferimentos por causa disso, por isso, Gaara não gosta de perguntar sobre os assuntos familiares de outras pessoas que não tinham nada a ver com ele.

"...Está quente." As lentes de Shijima embaçaram um pouco com o vapor do chá, e sua voz soou como se ela estivesse confortada pelo bebida.

"Do jeito que tem que ser", disse Gaara, tomando um gole também.

O chá tinha gosto doce de açúcar, folhas de chá e hortelã.

Era um gosto familiar que pertencia ao deserto.

"À noite no deserto, a temperatura do corpo humano cai rapidamente e eles perdem o açúcar no corpo rapidamente. O mais assustador é que isso acontece sem que percebamos."

"Sem perceber? Eu deveria perceber isso também?"

"Ninguém nota. Eu também não." Gaara tomou mais um gole de seu chá. "O deserto não é um ambiente em que as pessoas possam viver. É por isso que nossos instintos de sobrevivência ficam fora de controle aqui. Eu já vi muitos shinobi de países estrangeiros que ficaram incapazes de sentir calor ou frio e morreram na beira da estrada. "

Mesmo Gaara, que foi protegido por sua defesa absoluta, não foi uma exceção a essa possibilidade.

Sua defesa absoluta repeliria qualquer ataque que surgisse, mas, naturalmente, não o ajudaria a obter a vitória.

"Para que não morramos assim, você precisa seguir alguns passos. Você faz uma pausa a cada duas horas. Enquanto descansa, você bebe um chá doce. Se você puder fazer isso resolutamente, a pausa o impedirá de sofrer e o permitirá prosseguir."

O vento aumentou e o deserto mudou de cor novamente.

"O shinobi que levou Hakuto não fez uma pausa. Mas essa marcha forçada não vai durar muito. Em algum momento ele terá que descansar. O que é necessário para os shinobi continuarem resistindo não é idealismo. É habilidade."

"...Posso lhe fazer uma pergunta?" Perguntou Shijima. Ela estava olhando para sua xícara de chá meio vazia como se seus olhos estivessem em algum lugar distante.

"O que foi?" Perguntou Gaara.

"Por que você está fazendo isso?"

"Pela dignidade de Sunagakure." Disse Gaara. "Porque sou o Kazekage e sou responsável por seu futuro."

"É só por isso mesmo?"

"Hakuto é importante, é claro. Não tenho intenção de deixar o resgate dela para outros."

A ordem provavelmente deveria ter sido outra, Hakuto em primeiro primeiro lugar, mas Gaara era um homem muito sério para deixar as mentiras se misturarem em suas palavras.

"Por quê?" Perguntou Gaara.

"...Não. Não é nada."

"Entendo. Então, devemos ir agora. Temos que recuperar o atraso.

Gaara levantou-se, juntando as folhas de chá deixadas na chaleira e na sua xícara e depois as jogou, com uma série de movimentos exagerados, ao vento do deserto.

"...Isso é algum tipo de ninjutsu?"

"É um charme", disse Gaara, com uma expressão muito séria no rosto.

"Um charme?"

"Minha irmã mais velha, Temari, me ensinou. É algo que foi transmitido ao Clã Kazekage. É um encantamento que permite pegar emprestado o poder dos espíritos do deserto para salvar seu amor."

"É mesmo?" Um pequeno sorriso afetuoso passou pelo rosto de Shijima. "Bem, então espero que o espírito empreste seu poder, e o desejo seja atendido. Dedico o pouco poder que tenho também."

"Eu vou confiar em você."

O par de sombras começaram a andar novamente.

------------------------------------------

Eu nunca pensei que as coisas pudessem chegar a esse estado tão rapidamente.

Kankurou havia retornado a Sunagakure, e o olhar em seu rosto naquele momento era o de alguém que havia mordido um limão azedo.

"Kankurou-sama."

Cerca de vinte jovens shinobi vieram vê-lo.

Todos eles cresceram após a Quarta Guerra Mundial Shinobi e sob seus cuidados.

Você poderia chamá-los de inocentes. No final, eles eram meninos e meninas adolescentes.

"Deliberamos por um tempo e, no final, decidimos que não podemos seguir o regime atual".

"Olhem para vocês fazendo algo tão grande." Kankurou sacudiu a cabeça como se estivessem brincando, mas todos os olhos estavam sérios.

Eles realmente conseguiram algo grande, ele pensou.

"Sob o rótulo bonito de 'détente', o que acontece é que o orçamento é reduzido e não temos mais um lugar para trabalhar."

"Não podemos mais seguir o regime atual, com as políticas de coração mole do Gaara-sama!"

"Enquanto somos forçados a viver uma vida difícil, ele sai e tem uma reunião de casamento extravagante."

"Pensamos que quem deveria nos liderar é você, Kankurou-sama, o filho mais velho do Kazekage anterior!"

"..."

Ele conseguia entender os sentimentos deles. O daimyou pensaram nos shinobi de Sunagakure como ferramentas substituíveis. E, em resposta ao détente, eles continuaram terceirizando suas missões para outras aldeias mais baratas, a fim de economizar os custos.

Mas era justo que aqueles que recebiam os impostos dos cidadãos pensassem cuidadosamente sobre como usá-los.

E, ainda assim, o acordo desde a antiguidade era que os shinobi protegessem o país e o daimyou supervisionasse o país.

Gaara não era incompetente.

Seu irmão mais novo estava pensando em um caminho que o povo de Sunagakure, o País do Vento, e todos em todo o continente pudessem viver bem suas vidas.

E, passo a passo, ele estava caminhando em direção a esse objetivo.

Mas ele não poderia agradar a todos com isso.

A estrada escolhida por Gaara era a da 'paz'.

Não era apenas 'a prosperidade de Suna'.

Se outra guerra mundial shinobi começasse, e Suna derrotasse outras aldeias e ocupasse suas terras abundantes e férteis, sim, isso poderia compensar e remunerar os shinobi, assim como o jovem shinobi falou.

Mas eles estariam prosperando no topo de uma montanha de cadáveres e teriam alcançado a glória que foi sustentada pelo ódio.

E, além disso, o que eles fariam se perdessem a guerra? Se Sunagakure fosse derrotada mais uma vez, desta vez talvez, eles não fossem capazes de se levantar novamente.

E foi por isso que Gaara escolheu o caminho da 'paz'. Não por causa de qualquer ideal, mas porque ele pensava realisticamente o bem de seu país.

A cooperação com outras aldeias não daria resultados imediatos, mas eventualmente, graças a esses relacionamentos recíprocos, Sunagakure prosperaria como nunca antes.

Gaara havia escolhido esse caminho pensando nisso.

"Isso não significa", disse Kankurou, "que vocês pretendem matar Gaara?"

"!"

A agitação se espalhou por todos os jovens shinobi.

Embora nenhum deles tenha testemunhado pessoalmente a Quarta Guerra Mundial Shinobi, todos conheciam o lendário estilo de luta de Gaara. Gaara havia passado por uma luta no nível dos deuses com Otsutsuki Kaguya e sua família, além de lutar contra as marionetes enviadas da lua. Ele era um Kazekage entre os Kazekage.

Mesmo agora, quando eles falavam de um golpe de estado, toda a fé dos jovens shinobi em Gaara era absoluta.

"Isso... não temos intenção de fazer isso".

"Estamos apenas pensando que Gaara-sama poderia assumir o cargo de conselheiro e Kankurou-sama poderia se tornar o Kazekage."

"Nós apenas queremos afastar Gaara-sama do campo da política."

Entendo... vocês estão pensando nisso.

Se os jovens shinobi fizeram isso, seria difícil para as forças externas verem isso como um golpe. Se as mudanças políticas em Suna fossem realizadas dessa maneira, outras aldeias não teriam motivos algum para prestar assistência ou intervirem.

"Kankurou-sama!"

Sunagakure era uma vila relativamente pobre.

Claro, havia aldeias ainda mais pobres.

Kankurou pensou que as melhorias que haviam chegado a Suna sob o domínio de Gaara eram incrivelmente grandes.

No entanto, quando os jovens shinobi interagiram com outras aldeias, perceberam que Suna ainda era 'pobre' em comparação. E assim, eles começaram a criar um ressentimento.

Por exemplo, se você perguntasse a Kankurou ou Temari, eles diriam 'em comparação com o período durante a missão Esmagamento de Konoha, a vida cotidiana de todos agora é muito melhor'.

Mas, os jovens shinobi só sabiam o 'agora'.

"Kankurou-sama!"

"Kankurou-sama!"

"Por favor, diga-nos a sua decisão!"

Vinte pares de olhos diligentes fixaram seus olhares em Kankurou.

Ele não teve escolha senão dar-lhes uma resposta.

------------------------------------------

Gaara sentiu como se estivesse vendo um conjunto de sepulturas alinhadas lado a lado.

Ele conseguia entender por que nem os ladrões se aproximaram dessas ruínas.

A areia aqui era linda e de um branco puro, a tal ponto que você se perguntaria se não eram os restos de ossos triturados. Os prédios de concreto que saíam daquela areia tinham que ser arranha-céus que os antigos haviam construído.

Mesmo agora, você podia sentir que as pessoas moravam aqui.

Cadeiras que não eram diferentes das atuais, pilares de metal que antes eram lâmpadas de rua, estradas assustadoramente espaçosas, trens elétricos descarrilhados sobre trilhos sem ninguém andando neles, computadores enterrados na areia...

Não havia como saber para onde haviam ido as pessoas que moravam aqui.

Havia apenas a luz do luar e das estrelas iluminando, e um pesado sentimento de morte.

Era um cemitério de areia branca deslumbrante.

No meio dessa paisagem, havia Hakuto.

Ao lado dela havia um shinobi desconhecido.

Se você tivesse que adivinhar a idade dele, ele não parecia muito mais velho que Gaara. Ele tinha uma constituição mediana, que obviamente fora disciplinada, com cabelo preto curto nas costas. Ele parecia muito com Gaara.

"Então você foi quem sequestrou Hakuto."

Hakuto não estava amarrada e ela não estava sendo carregada.

Se ele ainda podia chamar esse situação de 'rapto' era algo que Gaara pensou, mas ele não tinha outras palavras para usar.

Um homem e uma mulher. Você poderia pensar que tipo de situação desenrolou aqui.

No entanto, havia palavras que Gaara tinha a dizer por causa da sua posição.

"Eu sou Shigezane do Clã Houki." O homem falou sem hesitar. Ele caminhou em direção a Gaara com um olhar sereno nos olhos. Seus passos eram firmes na areia, emitindo sons de baque.

"Eu ouvi falar de você, o mestre da Mineração de Metal."

"É uma honra se você já ouviu falar do meu nome." Respondeu Shigezane. "Eu descordaria se tivesse pouca habilidade na técnica que o Quarto Kazekage me transmitiu."

"Meu pai costumava elogiar sua habilidade." Disse Gaara.

Não havia mentiras no que ele disse. Ele não havia conhecido o homem antes, mas 'Shigezane dos Houki' era conhecido como um homem que usava um ninjutsu exclusivo para tirar cristais de metal do subsolo, um profissional em mineração e destruição de fortalezas.

Semelhante à Liberação de Magnetismo, a técnica também permitiu ao usuário remover o pó de ouro do chão. Foi ensinado a Shigezane pelo pai de Gaara, que estava focado na situação financeira da vila.

Que ironia.

O jutsu de Gaara também foi influenciado por seu pai, no entanto, foi caracterizado principalmente pela capacidade de manipular areia com a qual ele nasceu como Jinchuuriki.

A verdade é que nenhum dos três irmãos da areia havia herdado o jutsu do Quarto Kazekage.

Foi por isso que conhecer o homem, que era o discípulo de seu pai, diante de seus olhos provocou emoções fortes e estranhas dentro de Gaara.

"Não sei quem o instigou a fazer isso", disse Gaara, "Mas o que você está fazendo agora é ser nada mais do que um chamariz. Você pretende morrer inutilmente nessa tarefa?"

"...Estou plenamente consciente do que estou fazendo." Os olhos de Shigezane estavam inabaláveis.

Somente as pessoas que pretendiam entrar nos braços da morte tinham aquele olhar nos olhos.

O olhar em seus olhos era o mesmo que Hakuto, que estava ao lado dele.

E com isso, Gaara entendeu.

"Gaara-sama!" Shijima gritou, "Vou começar agora!"

"!"

Shijima estava correndo em direção a eles. Ela agarrou suas houshuriken nas mãos e, enquanto criava uma estratagema com Kage Bunshin (Clone das Sombras), pulou contra a areia no chão, saltando no ar.

"Shigezane!" Ela gritou, "Você que sequestrou a Senhora apesar de fazer parte do Clã Houki, aceite seu castigo!"

"Shijima ?!" Shigezane rapidamente fez um selo.

Foi a Liberação de Água.

Essa foi uma técnica inadequada para o deserto, para poucos usuários.

Mas também temos poucas técnicas que podem lidar com uma Liberação de Água.

A areia embaixo de Gaara estava tremendo.

É por baixo!

Gaara fez um escudo de areia, mas ele não conseguiu alcançar Shijima.

O ataque foi feito de água.

Uma coluna de água subterrânea explodiu no chão sob os pés de Shigezane.

Era uma lâmina de água de alta pressão.

Os túneis estavam cheios de poeira e gás combustível das minas, portanto, essa técnica era necessária para cavar na rocha sem criar faíscas.

Mas também era fato que, se você tivesse um impacto direto contra uma lâmina de água, você teria carnes e ossos cortados.

Os houshuriken de Shijima foram pulverizados pelo ataque de água de Shigezane.

O ar selado dentro de seu houshuriken expandiu e explodiu, mas, embora enfraquecido pela pressão da água, o ataque ainda tinha energia suficiente para cortar e raspar a pele e as roupas de Shijima.

"Tch!" Gaara estalou a língua e começou a correr.

Ele não queria ver a kunoichi que apareceu para ajudá-lo ser cruelmente morta.

A ação correta a ser tomada nessa situação, provavelmente, era sacrificar Shijima para que ele pudesse ver a técnica de Shigezane em ação e analisá-la, mas esse tipo de resposta 'correta' era uma besteira.

Gaara nunca tinha sido, nem uma vez, um homem que viveu fazendo a coisa 'correta'.

Ele era um homem que viveu por amor.

E amor, o amor estava estendendo sua mão para qualquer um, sem esperar nada em troca.

Por isso Gaara correu.

"Vou tirar sua vida!" Shigazane enviou outro gêiser de água.

"Mas isso é um ataque muito simples", disse Gaara.

Ele virou o escudo de areia em um ângulo agudo e, em vez de receber o ataque, desviou-o para o lado.

Não importa a pressão da lâmina de água, se você inclinar para um ângulo certo diminuindo sua energia cinética, ela perderá sua eficiência de corte.

A areia branca ao redor de Gaara mudou, como uma flor desabrochando.

Parecia que ele estava no meio de uma rosa branca.

Outra onda de água, e outra, e outra.

A água corrente tornou-se uma tempestade em torno de Gaara, mas foi rapidamente absorvida pela areia e pelo vento, e não conseguiu alcançá-lo.

Uma luta a longa distância tinha uma alta probabilidade de colocar Hakuto em perigo.

Ele seria capaz de encerrar a disputa em um combate de curto alcance, concluiu Gaara, e moveu-se para diminuir a distância entre ele e o inimigo.

Naquele momento, Hakuto, que até então não fazia nada além de assistir à luta com um olhar triste nos olhos, soltou um grito:

"Gaara-sama, Shijima, corram!"

"Hakuto!" Por um único instante, Shigezane olhou por cima do ombro, tão surpreso quanto os outros.

E nesse instante, Gaara teve tempo de se preparar para o próximo ataque.

Shigezane estava fazendo um novo selo. Você podia sentir que ele estava reunindo grande quantidade de chakra.

Um grande ataque, hein.

Gaara instantaneamente começou a preparar-se para se defender.

Mas então, com um gemido baixo, a areia sob os pés de Gaara começa a girar.

Areia movediça?!

A areia movediça é um fenômeno que ocorre quando a areia fica cheia de água e, graças a essa saturação da água, começa a se comportar como um falso líquido.

Seus ataques com água anteriores tinham sido uma estratégia para saturar a areia ao meu redor com água!

Como um navio sendo arrastado para baixo de um redemoinho gigante, em pouco tempo, o corpo de Gaara afundou até o abdômen. Se ele não fizesse algo para se salvar, seria engolido por inteiro pela areia rapidamente.

Mas, lidar com esse tipo de areia era complicado. Ele não podia repelir com um escudo de areia, porque nessa situação, a areia era seu próprio inimigo. A areia estava sendo manipulada pelo chakra de Shigezane, para que ele não pudesse recuperar o controle total da areia.

Ele me pegou... todo esse terreno foi uma armadilha!

Mas isso não significava que a fuga era impossível.

A verdade é que ele era perfeitamente capaz de escapar. Ele poderia recuperar o controle de uma pequena quantidade de areia, envolvê-la e sair voando.

Mas Gaara não fez isso.

Ele viu Shijima ser puxada para o meio da areia movediça também.

Shijima havia sido ferida no ataque anterior. Não parecia que ela poderia escapar.

Se ela fosse arrastada para a areia, inevitavelmente morreria de asfixia.

Mesmo que Gaara derrotasse Shizegane, ele não seria capaz de alcançá-la a tempo. Mesmo Gaara, não seria capaz de encontrá-la rapidamente se ela afundasse em uma área tão grande de areia.

E assim, Gaara usou sua areia para saltar em direção a submersa Shijima.

"Gaara-sama?!" Ela chorou, "Por que você está...?!"

"Não fale." Ele disse, agarrando-a pelas mãos e puxando-a para ele. Ao mesmo tempo, ele puxou um escudo de areia ao redor deles.

Parece que não conseguiremos escapar a tempo de voar...!

"Prenda a respiração." Disse ele para Shijima, e o turbilhão de areia engoliu os dois.

Gaara havia confinado os dois em uma cúpula de sua própria areia, e quando eles afundaram na escuridão, ele tentou, freneticamente, manter o ar.

------------------------------------------

"Eu entendo", disse Kankurou. Ele saiu de sua cuidadosa ponderação para dar um firme aceno de cabeça.

"Ahh!"

"Kankurou-sama!"

"Kankurou-sama!"

"Quando eu e os outros instauramos Gaara como Kazekage, também não utilizamos de nenhum método usual", disse Kankurou. "Você poderia dizer que isso é apenas uma repetição, não é?"

"Muito obrigado!" Suas vozes jubilosas choraram.

Não havia mais volta.

"Então, você terminou de elaborar um plano específico?"

"Claro."

Kankurou olhou para o protocolo que lhe fora entregue e suspirou em seu interior.

Era exatamente o mesmo tipo de plano para assumir o controle de uma cidade ensinada em livros didáticos. Abrangia os pontos principais, mas não havia imaginação.

Mais precisamente, não havia nada relacionado a desdobramentos inusitados. Desdobramentos como, por exemplo, Uzumaki Naruto.

Kankurou alterou algumas coisas com uma caneta vermelha e devolveu o protocolo.

"Eu entendi." Disse ele. "Mas me prometa isso. Nenhum sangue será derramado. Se derramar sangue, haverá retribuição. Até o fim, esta será uma operação pacífica para suprimir o alto escalão e assumir a posição de Gaara."

"Sim senhor!"

"Quem elaborou esse plano?", perguntou Kankurou.

"Eu fiz." Maizuru deu um passo à frente, parecendo orgulhosa. Suas bochechas estavam vermelhas.

"Entendo", disse Kankurou. "Entendi todos os seus sentimentos. Você não vai fazer nada de ruim, vai?"

No meio da segunda rodada de aplausos, Kankurou olhou para o teto, procurando um céu que ele não seria capaz de ver.

Ele não podia mais voltar àqueles dias tranquilos e agradáveis.

------------------------------------------

.
.
.
Escuridão.
.
.
.
Escuridão profunda.

Algo denso e vermelho estava se espalhando ao redor dele.

Sangue.

O cheiro de sangue sempre esteve em volta do jovem Gaara.

"Por que... eu sou diferente de todos?"

Ele nasceu como um Jinchuuriki. Ele era filho do Kazekage, mas mesmo que essa pessoa fosse seu pai, ele tentou assassinar Gaara.

Sendo assim, Gaara não conhecia outra maneira de interagir com as pessoas além de machucá-las.

Ele se perguntou quantas pessoas ele havia matado.

Havia pessoas que ele matou só porque não gostava delas, e havia pessoas que ele matou a caminho de uma missão.

Seu tio Yashamaru tinha sido como um pai para ele, mas então, ele se tornou um assassino e Gaara o matou. Ele havia matado outros como ele também.

Gaara não podia julgar entre o bem e o mal.

Ele apenas... matou.

Ele matou e matou e matou, e construiu uma pilha de corpos e correntes de sangue.

Ele pensou que... estava se amando.

------------------------------------------

Quando Gaara acordou, ele viu o rosto de uma mulher bonita diante de seus olhos.

"...Hakuto?"

"Você acordou Gaara-sama?" Shijima era quem estava cuidando dele.

"É você, Shijima. Peço desculpas."

Misturar o rosto de uma mulher com outra pode ser considerado uma falta de educação. Até Gaara, tão ignorante nos caminhos da vida, sabia disso.

"Não, está tudo bem..." Disse Shijima. "Recuperar sua consciência é mais importante do que qualquer outra coisa."

Parecia que ele tinha usado uma quantidade surpreendente de chakra.

Seu corpo estava muito pesado.

"Onde estamos?"

"Parece uma caverna subterrânea." Disse Shijima. "Parece que a areia escorreu para a caverna de onde veio a água."

Os olhos de Gaara finalmente se ajustaram à escuridão.

Shijima tinha um bastão de luz de emergência na mão, e ele podia ver as formas dos edifícios antigos ao seu redor com o brilho que emitia.

Ele não conseguia ver o céu. Parecia que eles haviam sido arrastados para algum lugar muito profundo.

"Quanto tempo se passou?"

"Cerca de três horas."

"Entendo." Gaara ajustou sua respiração e começou sua recuperação de chakra.

Hakuto não parecia ferido. Ela provavelmente não seria morta imediatamente, certo?

Ainda havia tempo até o amanhecer. Ele tinha que ficar calmo.

Shijima falou, "Posso perguntar uma coisa?"

"Se for algo que eu possa responder", disse Gaara.

"...Por que você me salvou?" Shijima estava genuinamente intrigada.

Ela provavelmente esperava que ele a abandonasse lá atrás. Ela também não ficaria triste com isso.

Afinal, é assim que os shinobi são. Primeiro, havia a missão e, depois, você mesmo. Era natural pensar assim.

"Não há razão." Disse Gaara.

"Não há razão...?!" Exclamou Shijima. "Você me salvou abandonando não apenas a Senhora que pretendia ser sua esposa, mas seu próprio bem-estar, não há mérito nisso! Eu sou apenas uma shinobi!"

"Ah." Gaara sentiu um pouco de irritação crescer dentro dele com essas palavras. "Não fale como se o valor da vida mudasse de acordo com a pessoa em questão."

"Eh?"

"Não importa de quem seja a vida, o valor dela é o mesmo para todos. Sem mencionar que, se você é cidadã de Sunagakure, então, faz parte da minha família." O próprio Gaara não entendeu por que estava tão bravo. "Certamente, há momentos em que um superior precisa enviar seus subordinados para a morte, mas enquanto houver possibilidade de vida esperamos até o último momento. Enfrentar a morte certa é diferente do suicídio, e confiar a alguém em quem você acredita uma missão difícil é diferente de esperar que ela morra."

"Eu entendi." Disse Shijima, "Mas essa foi uma luta onde sua honra estava em jogo. Se vier à tona que você deixou a mulher com quem se casaria ser levada..."

"Eu sei. Os colegas que pensam mal de mim usarão isso para sua propaganda, não, provavelmente planejaram isso com esse fim."

"Então por que?"

"Porque eu queria te salvar." Gaara se virou para que ele pudesse encontrar os olhos de Shijima através de seus óculos. "...Há muito tempo, no meio da batalha 'Esmagamento de Konoha', eu conheci um homem, Uzumaki Naruto. Ele era um shinobi incrivelmente estranho."

"Que, o lendário...?"

"Suas técnicas e seu conhecimento eram péssimos." Disse Gaara, "Diferente de mim, era permitido a ele viver como um ser humano apesar de ser um jinchuuriki... Eu pensei que ele era um completo idiota."

Ele ainda era jovem, naquela época. Era uma lembrança dos Exames Chuunin. Naquela época, Gaara havia sido enviado para participar dos Exames Chuunin como espião, esmagando a Vila de Konohagakure por dentro.

"Mas..." Disse Gaara, "Naruto veio lutar comigo cara a cara. O que significava viver, quanto mérito havia na dor... E o que significava amar alguém, essas são todas as coisas que ele me ensinou."

Era uma lembrança muito preciosa.

E não tinha sido apenas Naruto.

Rock Lee. Haruno Sakura. Nara Shikamaru, que acabaria por se tornar seu cunhado. Temari e Kankurou, que o apoiaram mesmo quando tinham medo dele.

Todo mundo tinha sido tão jovem.

"Eu o conheci e aprendi a amar um mundo além de mim mesmo... E eu queria um dia amar alguém como minha mãe, o meu irmão e irmã me amavam. A razão pela qual eu fui capaz de pensar desse jeito... Foi porque Naruto existia."

Uma luz que havia iluminado aquela escuridão profunda e eterna.

Aquela luz tinha sido Naruto.

------------------------------------------

Havia um sonho que Gaara lembrava até nesses momentos.

O sonho que ele tinha visto no meio do Tsukuyomi Infinito.

Seu pai, mãe e Yashamaru estavam lá. Ele esteve lá, jovem e sem manchas de sangue. E havia também Naruto, seu amigo.

Curiosamente, ele não tinha visto nada relacionado a um grande amor, ou uma posição de poder ou glória como um shinobi.

Ele acabará de se sentir terrivelmente feliz.

Gaara não se arrependeu de ter jogado fora esse sonho.

Ele acreditava que viver como eles viviam agora, não em sonho, mas na realidade, era o futuro que eles escolheram para si mesmos.

Mas, quem fez o sonho de Gaara ser tão feliz foi Naruto. Se ele não tivesse conhecido Naruto, ele não seria capaz de experimentar esse feliz genjutsu da amizade.

Além disso, era certo que Gaara realmente tinha amigos e familiares ao seu lado.

------------------------------------------

"Naruto não tinha nada a ganhar com o que ele fez. Seria bom se ele tivesse matado um inimigo abominável como eu. Mas ele não fez. É por isso que..." Gaara deu um sorriso irônico. "Eu pensei que queria tentar fazer algo ilógico também."

Quando ele disse isso em voz alta, certamente soou bobo.

Mas também parecia estranhamente refrescante.

"Algo ilógico?" Perguntou Shijima.

"Sim. Como o vento que atravessa o deserto. Sem restringir nada e amar a todos... a verdade é que pensei em tentar viver dessa maneira."

"...Sim, entendo." Assentiu Shijima, parecia que seus olhos estavam olhando para algo muito distante.

"Mas, na verdade, não posso fazer isso." Disse Gaara, "Tenho muitas coisas que não posso jogar fora e muitas coisas que tenho que proteger."

"Você é o 'Kazekage', afinal de contas." Disse Shijima. Ela sorriu.

O sorriso de Shijima era diferente do de Hakuto ou Temari.

Por um momento, Gaara vagamente sentiu que se parecia com o sorriso de sua mãe, que ele havia visto há muito tempo. Então, ele se perguntou se esse não era o 'complexo mãe' que Temari falava.

"Eu também sou assim", disse Shijima. Ela levantou um dedo, traçando as bordas dos óculos. "Eu..."

Shijima tirou os óculos.

Os olhos dela estavam fechados.

Ela se parecia com Hakuto, mas, o rosto sorridente de Shijima estava repleto de grande tristeza.

"Eu me sacrifiquei", disse Shijima. "Com o objetivo de pesquisar como replicar o segredo do 'Sharingan' de Konoha."

"...Foi Orochimaru?"

"Sim."

Orochimaru era um shinobi lendário de Konoha que havia caído para um mau caminho. Ele havia matado o Kazekage de Sunagakure e fingiu ser ele por um período de tempo, enquanto realizava experiências terríveis. Os detalhes do que aconteceu naquela época ainda não haviam sido esclarecidos até hoje, mas pensar que uma dessas cobaias de testes estava bem ao lado dele.

"O experimento terminou em fracasso... e coloquei um selo nos meus próprios olhos." Disse Shijima, "Eu precisava, porque não tinha a habilidade para restringir o uso do doujutsu. E confiei a sucessão do clã para minha irmã mais nova, Hakuto."

Shijima voltou a colocar os óculos grossos e volumosos.

Então essa foi a razão. Agora Gaara entendeu por que Shijima usava aqueles óculos tão inadequados para o campo de batalha. Eles eram uma ferramenta de restrição usada para controlar o intransponível doujutsu.

"Por que... você me disse isso?" Gaara perguntou.

Mesmo se eles fossem da mesma vila, nunca se deve revelar detalhes sobre seu próprio jutsu.

Essa era uma regra de ouro dos shinobi.

Porque revelar os segredos do seu próprio jutsu a alguém não é diferente de confiar a essa pessoa à sua vida.

"Eu também... queria tentar fazer algo um pouco ilógico." Disse Shijima, levantando-se suavemente. "Isso é ruim?"

Sua figura iluminada por uma luz pálida. Ela estava terrivelmente bonita.

"Não", Gaara também se levantou: "Não é não."

"Podemos encontrar o caminho para sair desta caverna com a Liberação do Vento". Disse Shijima, "Eu vou guiar-nos para fora."

"Vou confiar em você." Disse Gaara, "Quero conservar o máximo de chakra possível."

Seu cansaço tinha ido para algum lugar muito distante.

Era hora de continuar a busca.


Nota* - é uma palavra francesa que significa distensão ou relaxamento. Na política internacional, de uma maneira geral, o termo pode ser empregado para se referir a qualquer situação internacional na qual nações que tinham anteriormente um relacionamento hostil passam a restabelecer relações diplomáticas e culturais, apaziguando seu relacionamento e diminuindo o risco de conflito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário